O misterioso Patrimônio da Humanidade ameaçado pelas chuvas no Paquistão
Muros construídos há quase 5.000 anos desabaram e ruínas de Mohenjo-daro estão sob alerta
O Paquistão enfrenta uma catastrófica estação de monções, que já deixou milhares de mortos desde junho. As chuvas agora ameaçam um famoso sítio arqueológico de 4.500 anos: as ruínas de Mohenjo-daro, localizadas no sul da província de Sindh e consideradas um dos assentamentos urbanos mais bem preservados do sul da Ásia.
Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o local é conhecido também como o “Monte dos Mortos” e foi descoberto em 1922. Apesar de estudos diversos sobre as ruínas, ainda há um grande mistério: o desaparecimento da civilização que vivia lá e coincidia com o Egito Antigo e a Mesopotâmia.
Embora as recentes inundações não tenham atingido diretamente Mohenjo-daro, as fortes chuvas causaram o desabamento de muros construídos há quase 5.000 anos. O reparo das paredes já está sendo feito por equipes supervisionadas por arqueólogos.
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O principal marco do local, uma “stupa budista”, uma estrutura esférica associada à adoração e à meditação, permanece intacta, disse Ahsan Abbasi, curador do local, ao jornal britânico The Guardian. Isto provavelmente se deve ao fato que a antiga civilização do local construiu um elaborado sistema de drenagem. No entanto, as chuvas têm deteriorado o lado de fora do monumento e as paredes que separam os diferentes aposentos.
Embora as inundações tenham atingido todo o Paquistão, a província de Sindh está entre as mais atingidas. Imagens de satélite da NASA, reveladas na semana passada, mostraram que as inundações recordes no Paquistão transformaram parte da província no sul do país em um lago de 100 quilômetros de largura.
O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, afirmou nesta terça-feira, 6, que o país está enfrentando uma tragédia devido às mudanças climáticas e instou aos paquistaneses, em comentários televisionados, a doarem generosamente às vítimas das enchentes. O premiê também pediu ajuda da comunidade internacional.
Na semana passada,o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres alertou que o país enfrenta uma “monção com esteróides”. Também pediu que o mundo parasse de ser “sonâmbulo” diante a crise. De acordo com autoridades paquistanesas, Guterres viajará para Sindh, mas não está claro se ele visitará o sítio arqueológico.
Segundo o Departamento Meteorológico do Paquistão, é a primeira vez que o país registra chuvas desta intensidade desde que começaram a ser registradas no país, em 1961.