O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou nesta sexta-feira, 8, que o número de pessoas que deixaram a Ucrânia em direção a outros países por causa da invasão russa chegou a 4,32 milhões. A ONU segue classificando a situação como a pior crise de refugiados já sofrida pela Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
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A Polônia é o principal destino dos que fogem da guerra e recebeu 2,5 milhões de pessoas desde o início dos ataques da Rússia contra o país vizinho, em 24 de fevereiro. Segundo Matthew Saltmarsh, porta-voz da Acnur, 700 mil ucranianos já receberam do governo polonês o número de identificação necessário para obter acesso à rede de saúde e benefícios sociais. Deste grupo específico, 94% são mulheres e crianças, segundo explicou o representante da agência, em entrevista coletiva.
Contudo, nem todos têm a sorte de serem acolhidos por uma nação vizinha. A crise humanitária sem precedentes deixa grupos vulneráveis, como as pessoas com deficiência, particularmente expostos. Dados do portal oficial do Conselho Europeu para os Refugiados e Exilados (ECRE) apontam que 2,7 milhões ucranianos com deficiência estão tendo muita dificuldade para fugirem do conflito.
A situação é delicada também para cerca de 205.500 não ucranianos que residiam no país, que estão enfrentando sérios obstáculos ao longo do caminho. De acordo com a Human Rights Watch, migrantes de outras nacionalidades, incluindo pessoas da Síria, Argélia e Afeganistão, estão em centros de detenção na fronteira da Ucrânia.
“É extremamente preocupante que migrantes e refugiados ainda estejam trancados em centros de detenção em zonas de guerra, com o risco de serem atacados sem qualquer possibilidade de fuga”, afirma Tineke Strik, membro do Parlamento Europeu e professora de Direito da Cidadania e Migração na Universidade Radboud, na Holanda.
Organizações de ajuda humanitária também alertaram para o aumento do risco de tráfico humano e abuso sexual de mulheres e crianças que fogem da guerra. “No passado, as pessoas se deslocavam em grupo ou em um ônibus, mas agora as pessoas estão se movendo individualmente, a pé, é aí que o abuso pode acontecer”, declarou o o secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC), Jagan Chapagain.