O número de brasileiros que tentaram entrar ilegalmente nos Estados Unidos subiu 19,3% nos primeiros quatro meses de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado. Ao menos 12.284 imigrantes vindos do Brasil foram flagrados na travessia, de acordo com a AG Immigration, escritório de advocacia especializado em green cards, com base em informações do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos. Trata-se do maior aumento desde 2021, quando mais de 14 mil foram barrados.
Ao todo, foram registrados 992,6 mil flagrantes na fronteira americana com o México entre janeiro e abril — dado que, por si só, representa um crescimento de 3,5% em relação a 2023. O Brasil, porém, não está no topo a lista de cidadãos pegos por agentes de segurança da fronteira, ficando na 17ª posição. O México, por onde entram a maior parte dos imigrantes, lidera o ranking com 253 mil pessoas. O vizinho dos EUA é seguido por Haiti (87 mil), Cuba (82 mil) e Venezuela (75 mil).
Grande parte dos brasileiros entra no território americano à procura de asilo, segundo Leda Oliveira, CEO da AG Immigration. O benefício só é concedido após o pleiteante “comprovar um medo crível de não poder retornar a seu país de origem em razão de perseguição ou violência”, enfatizou a especialista. Não é o caso da maioria dos imigrantes do Brasil, segundo ela, que geralmente estão apenas atrás de melhores oportunidades.
+ De olho na eleição, Biden prepara medida abrangente para conter imigração
Risco para campanha de Biden
O disparo no número de imigrantes que buscam, a todo custo, atravessar as fronteiras americanas é uma má notícia para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que busca reeleição no pleito de novembro. Espera-se que o assunto, um dos seus calcanhares de Aquiles, seja abordado exaustivamente por seu rival, Donald Trump, durante a campanha rumo à Casa Branca, inclusive no primeiro debate presidencial desta quinta-feira, 27.
Pesquisas de opinião mostram que a imigração é a principal preocupação de muitos eleitores americanos diante das eleições presidenciais de novembro.
De olho na eleição, Biden emitiu no início deste mês uma ordem executiva abrangente que restringe a imigração ilegal. O dispositivo permite que autoridades americanas deportem pessoas na fronteira sem processar os seus pedidos de asilo quando um limite diário de chegadas pela divisa com o México for atingido.
A NumbersUSA, uma organização que defende controles mais rigorosos da imigração, classificou a nova política como “inescrupulosa”. No momento do anúncio, o presidente pediu que aqueles que consideram a medida “muito rigorosa” tivessem “paciência”, prometendo tornar o sistema de imigração do país “mais justo e equitativo”.
Por outro lado, a Casa Branca também planeja acelerar o processo de visto para imigrantes altamente qualificados que entraram no país ilegalmente e receberam diplomas de universidades americanas ou uma oferta de emprego, incluindo os Dreamers. A política do governo democrata regularizará a situação de mais de 500 mil imigrantes no país, e valerá principalmente para cônjuges de cidadãos americanos que estão no país há pelo menos 10 anos e tenham se casado até 17 de junho.
As duas medidas, em conjunto, indicam que a ideia de Biden é reduzir o número de novas chegadas de estrangeiros, mas facilitar a obtenção da cidadania para aqueles que já estão no país.