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Nova Caledônia vota em referendo por manter-se como território francês

O `não` à independência teve 56,4% dos votos, mas não diminui as tensões entre a população original e a de origem europeia

Por Da Redação
4 nov 2018, 14h01
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  • Território francês na Oceania, a Nova Caledônia votou neste domingo (4) “não” à independência de Paris. A participação no referendo histórico foi massiva, com 80,63% dos eleitores. Os resultados oficiais definitivos mostram que a opção de permanência como parte da França teve 56,4% dos votos contra 43,6% a favor do “sim”, segundo a autoridade eleitoral.

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    O arquipélago francês tem 270.000 habitantes e é considerado um ponto estratégico da França no Oceano Pacífico. O resultado do referendo causou surpresa porque  desmentiu as pesquisas que previam uma vitória do “não”, com 63% a 75% dos votos. Os independentistas, porém, reconheeram o resultado.

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    Depois dadivulgação dos resultados, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou aos habitantes do arquipélago estar orgulhoso  pela “superação desta histórica etapa”. Para Macron, houve “uma demonstração de confiança na França, no seu futuro e nos seus valores”.

    “Quero expressar o orgulho que representa para o chefe de Estado que a maioria tenha optado pela França”, afirmou o presidente na televisão, em que ressaltou que “o único caminho é o diálogo”.

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    Antes da votação, Macron manteve oficialmente uma posição neutra e não quis “tomar partido”. No entanto, disse que “a França seria menos bonita sem a Nova Caledônia”, durante uma visita em maio a Nouméa, referindo-se às paisagens paradisíacas do território ultramar. Para o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, este referendo marcou “o começo da Nova Caledônia, que quer construir um futuro”.

    Macron afirmou também que  “o diálogo é o único caminho possível” entre as duas visões e lembrou que o Philippe chegará na segunda-feira a Noumea para se reunir com os diferentes líderes políticos. O governante garantiu que os únicos derrotados deste referendo foram “a divisão e o medo”, que perderam para “a paz e o espírito de diálogo e responsabilidade de todos”.

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    Neste domingo à noite, vários carros foram incendiados, e pedras foram atiradas contra imóveis. Os principais líderes políticos já haviam avisado que uma vitória do “não” poderia incitar os jovens marginalizados a gerar tumultos.

    O referendo neste arquipélago do Pacífico, onde a França se estabeleceu em 1853,  e foi acompanhado de perto por Paris, a 18.000 quilômetros de distância.

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    Para garantir o desenvolvimento adequado do plebiscito, o Estado enviou 250 delegados, além de contra com a presença de observadores da ONU nas seções eleitorais.

    Canacos versus caldoches

    O referendo pestava previsto no Acordo de Nouméa, firmado em 1998 com Paris, e deverá reconciliar os canacos (nativos), que representam menos de 40% da população, e os caldoches (de origem europeia). Durante os anos 1980, houve uma sucessão de confrontos violentos na Nova Caledônia, cujo episódio mais trágico foi a tomada de reféns na ilha de Ouvea ,em maio de 1988. Vinte e cinco pessoas morreram, incluindo 19 separatistas canacos.

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    A campanha do referendo, entretanto, tranccorreu em calma. Enquanto as províncias do Norte e as Ilhas da Loyauté, de maioria independentista, se encheram de bandeiras separatistas, os defensores da unidade com a França não se expressaram tão visivelmente.

    “Este é o momento histórico que todos esperavam. Mas, paradoxalmente, perdeu sua intensidade”, explicou Pierre-Christophe Pantz, especialista em Geopolítica. “A campanha foi muito tranquila, o referendo não atraiu muita atenção”, completou, ao destacar que “os caledonianos acham que isso não mudará sua vida cotidiana”.

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    Soumynie Mene, militante idependentista de 38 anos, considerou “uma pena que as pessoas não sintam um grande interesse em um referendo que preparamos há 30 anos” e que lhes permitiria “virar a página da colonização”.

    O FLNKS, principal partido pró-independência, defendeu que uma vitória do “sim” não representaria uma ruptura total com a França, mas manteria uma relação privilegiada com este país.

    As formações que defenderam a permanência da Nova Caledônia como território francês, com fortes divisões internas, lembram que Paris contribui com ajudas anuais de 1,3 bilhão de euros (cerca de 1,4 bilhão de dólares) para o arquipélago.

    Apesar dos seus últimos trinta anos com maior autonomia e reconhecimento da identidade dos canacos, a Nova Caledônia mantém grandes desigualdades econômicas, educacionais e trabalhistas entre a população de origem europeia e o povo originário. “Ainda há problemas de integração e um sentimento de injustiça presente na sociedade”, diz Paul Fizin, doutor em História.

    (Com AFP e EFE)

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