Durante a inauguração do Museu da Língua Portuguesa neste sábado, 31, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu a liberdade dos falantes do idioma de adotarem ou não o Acordo Ortográfico de 1990. Ressaltou ainda a importância do investimento no futuro da língua.
“Nossa língua é feita de democracia no falar e no escrever”, afirmou Rebelo de Sousa, ao ser questionado sobre o tema em uma coletiva com jornalistas após a inauguração. “É livre a opinião sobre o acordo e adotar ou não”.
Portugal é um dos países signatários do acordo de 1990, assim como o Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Apesar da adoção das novas regras ortográficas pelo governo em 2015, muitos portugueses ainda não adotam as mudanças em seu dia a dia e escritores e especialistas fazem coro contra as adaptações.
“Não há nenhuma guerra entre Portugal e Brasil nesse e em nenhum outro domínio. Simplesmente em Portugal há democracia, e portanto é livre a opinião sobre o acordo e é livre adotar ou não o acordo”, disse o presidente.
Rabelo de Sousa ainda foi questionado sobre a ausência do presidente do Jair Bolsonaro no evento de inauguração, apesar de ter sido convidado oficialmente pelo governador de São Paulo, João Doria. O português afirmou apenas que está feliz por fazer parte de uma ação que “pensa no futuro”
“Eu só respondo por Portugal”, disse. “Eu gosto muito de um ditado da região portuguesa do Minho que diz que ‘dança quem está na roda’. Eu estou nesta roda e estou feliz de estar nesta dança, porque é uma dança que pensa no futuro”.
Doria, por sua vez, afirmou que “infelizmente ele [presidente Jair Bolsonaro] preferiu passear de motocicleta em Presidente Prudente” ao invés de comparecer ao evento. O líder brasileiro pegou um voo para a cidade do interior paulista neste sábado e participou de uma carreata ao lado de apoiadores.
O governador de São Paulo ainda usou o momento para criticar o gerenciamento do aparelho cultural brasileiro pela gestão Bolsonaro. “Nós cuidamos melhor da cultura do que o governo federal”, disse, ao ser questionado sobre o incêndio na Cinemateca de São Paulo na última quinta-feira 29.
Após o incidente, a Secretaria Especial da Cultura do governo federal publicou um edital para seleção de entidade privada sem fins lucrativos para gerir as atividades da instituição pelos próximos cinco anos.
Quando era prefeito de São Paulo, Doria afirmou ter pedido a transferência da Cinemateca para a administração municipal, mas não teve resposta da União. Neste sábado, o atual prefeito Ricardo Nunes afirmou que sua gestão já renovou a solicitação.
O secretário estadual de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, afirmou que o governo do estado fará seu próprio pedido para gerenciar a instituição.
Além da inauguração do museu, Marcelo Rebelo Sousa tem marcados em sua agenda no Brasil encontros com autoridades locais. O presidente já encontrou de forma privada os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. No domingo segue para Brasília, onde terá reuniões com o presidente Jair Bolsonaro e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.