No Dia da Vitória, Putin diz que Ocidente trava guerra real contra Rússia
Discurso marcou comemorações anuais da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial
Em discurso durante o tradicional desfile do Dia da Vitória, na Praça Vermelha de Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira, 9, que as “ambições indomadas, arrogância e impunidade” do Ocidente estão impulsionando uma “guerra real” contra a Rússia.
“Hoje a civilização está mais uma vez em um ponto de virada decisivo”, disse Putin nas comemorações anuais da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. “Uma verdadeira guerra foi desencadeada contra nossa pátria”.
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Putin elogiou os soldados que participaram da guerra na Ucrânia e pediu aos russos que se unam.
“Nossos ancestrais heroicos provaram que não há nada mais forte, poderoso e confiável do que nossa união. Não há nada no mundo mais forte do que nosso amor pela pátria”, disse Putin.
Ele criticou ainda as “elites globalistas ocidentais” que “falam sobre sua exclusividade, colocam as pessoas umas contra as outras, dividem a sociedade e provocam conflitos e golpes sangrentos, semeiam ódio, russofobia”.
Apesar do discurso forcado em motivar a população, há sinais de que a guerra está afetando a Rússia. Analistas militares dizem que os militares russos têm lutado com suprimentos de munição, moral das tropas e liderança e organização deficientes.
O próprio desfile deste ano parecia mais curto do que o normal. Apenas cerca de 8.000 soldados marcharam na Praça Vermelha, o número mais baixo desde 2008. Mesmo o desfile em 2020, ano da pandemia do COVID-19, contou com cerca de 13.000 soldados e, no ano passado, 11.000 soldados participaram.
Ao contrário dos anos anteriores, não houve sobrevoo de jatos militares e menos equipamentos foram exibidos no desfile. O evento, inusitadamente, durou menos de uma hora.
As declarações de Putin foram feitas poucas horas depois que as forças do Kremlin dispararam sua última barragem de mísseis de cruzeiro contra a Ucrânia, que a Rússia invadiu há mais de 14 meses, no que se refere oficialmente como uma “operação militar especial”. Na segunda-feira, as forças de Moscou já haviam usado um “enxame” de drones em ataques ao território ucraniano.
Autoridades russas, incluindo Putin, enquadram repetidamente a guerra na Ucrânia como um conflito por procuração com o Ocidente. A narrativa dentro do Kremlin é de uma batalha com forças ocidentais pela existência na Rússia, já que na visão de Moscou o Ocidente estaria usando a Ucrânia como uma ferramenta para destruir a Rússia, reescrever sua história e esmagar seus valores tradicionais. Essa versão dos eventos dominou a cobertura da guerra pela mídia estatal russa.
Na semana passada, a Rússia acusou os Estados Unidos de estarem por trás de um ataque de drones ao Kremlin com o objetivo de matar Putin. Sem apresentar provas para corroborar a afirmação, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Ucrânia foi responsável pelo ataque e agiu sob ordens de Washington.
Um dia antes, Peskov já havia dito que armas fornecidas pela Alemanha já estão sendo usadas na região de Donbas, que a Rússia declara como parte do seu território, uma reivindicação questionada pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.