O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, demitiu nesta terça-feira, 5, o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, a principal figura por trás do “cerco total” contra a Faixa de Gaza depois dos ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro do ano passado.
A saída de Gallant ocorreu em um anúncio surpresa. Ele será substituído por Israel Katz, antes ministro das Relações Exteriores. Gideon Sa’ar passa, então, a atuar como chanceler israelense.
“No auge de uma guerra, é necessária uma confiança completa entre o primeiro-ministro e o ministro da defesa”, disse Netanyahu numa declaração em vídeo. “Nos últimos meses, essa confiança entre mim e o ministro da defesa foi danificada.”
Os dois divergiam sobre os rumos da guerra contra o grupo radical Hamas. Na decisão, o premiê afirmou que “houve muitas lacunas” com Gallant sobre “a gestão das guerras de Israel”. Em agosto, Gallant definiu que o desejo de Netanyahu de uma “vitória total” contra o Hamas era um “absurdo”. Ele se tornou uma voz moderada dentro do governo depois que políticos centristas abandonaram seus cargos. Após o anúncio, o agora ex-ministro escreveu no X, antigo Twitter: “A segurança do Estado de Israel foi e sempre será a missão da minha vida”.
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Meses de negociações
A movimentação para a demissão de Gallant deu seus primeiros passos em março do ano passado, quando Netanyahu tentou retirá-lo do governo por críticas sobre a polêmica reforma judicial. Não deu certo. Sob intensa pressão da população, que foi às ruas protestar contra as medidas no Judiciário, o primeiro-ministro israelense optou por manter Gallant. Meses mais tarde, iniciaria a guerra na Faixa de Gaza.
Em setembro deste ano, a emissora nacional Kan relatou que Netanyahu se preparava para substituir Gallant por Sa’ar. Caso não funcionasse, Sa’ar passaria a ser chanceler, enquanto Katz assumiria o Ministério da Defesa. Foi o que aconteceu. A demissão, no entanto, pode colocar Netanyahu em uma posição difícil em seu próprio partido, o Likud, por Gallant ser considerado uma figura forte. Apesar disso, o ministro da Defesa teria passado a ser visto pelo gabinete do premiê como uma espécie de fogo amigo dentro do governo.