O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentou o primeiro plano oficial do seu governo para o futuro da Faixa de Gaza após a guerra. O documento, visto pela agência de notícias Reuters nesta sexta-feira, 23, e apresentado a membros do gabinete de guerra israelense na quinta-feira, daria a Tel Aviv o controle da segurança sobre todas as terras a oeste da Jordânia – incluindo a Cisjordânia e Gaza, territórios onde os palestinos querem criar um Estado independente.
As propostas
Os principais objetivos a médio prazo descritos no plano de Netanyahu são: desmilitarização e “desradicalização”. Segundo a Reuters, ele não detalha quando essa fase intermediária começaria ou quanto tempo duraria. Mas o premiê condiciona a reabilitação da Faixa de Gaza, grande parte da qual foi devastada pela ofensiva de Israel, à sua desmilitarização completa.
Netanyahu também propõe que Israel tenha presença na fronteira Gaza-Egito, no sul do enclave, e coopere com Cairo e com Washington nessa área para evitar tentativas de contrabando, incluindo na passagem de Rafah.
Para substituir o domínio do Hamas em Gaza e, ao mesmo tempo, manter a ordem pública, o líder israelense sugere trabalhar com representantes locais “que não estão afiliados a países ou grupos terroristas e não são apoiados financeiramente por eles”.
Ele apela ainda pelo fechamento da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (a UNRWA) e à sua substituição por outros grupos de ajuda internacional.
“O documento de princípios do primeiro-ministro reflete um amplo consenso público sobre os objetivos da guerra e sobre a substituição do domínio do Hamas em Gaza por uma alternativa civil”, afirmou uma declaração do gabinete do primeiro-ministro. O documento foi distribuído aos membros do gabinete de segurança para iniciar uma discussão sobre o assunto.
Estado palestino
O premiê israelense voltou a rejeitar o “reconhecimento unilateral” de um Estado palestino, que é defendido por grande parte da comunidade internacional (inclusive pelo seu maior aliado, os Estados Unidos). Segundo ele, um acordo com os palestinos só será possível por meio de negociações diretas entre as duas partes – mas não revelou quem representaria o outro lado.
Israel é crítico à Autoridade Palestina (AP), entidade reconhecida internacionalmente que governa parcialmente a Cisjordânia e representa o povo palestino em órgãos supranacionais.
O que diz a AP
Nabil Abu Rudeineh, o porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou à agência de notícias Reuters que a proposta de Netanyahu estava fadada ao fracasso, assim como quaisquer planos vindos de Tel Aviv para mudar as realidades geográficas e demográficas em Gaza.
“Se o mundo está genuinamente interessado em ter segurança e estabilidade na região, deve acabar com a ocupação de terras palestinianas por Israel e reconhecer um Estado palestino independente com Jerusalém como capital”, disse Rudeineh.