As negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) foram retomadas nesta segunda-feira (16), em Bruxelas, em meio a desentendimentos no gabinete da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre o tema. Os principais ministros responsáveis pela questão – de Relações Exteriores, Jeremy Hunt, e do Brexit, Dominic Raab – não liderarão as conversas, segundo jornal The Independent.
Desafiada por seu ex-ministro da Educação, Justine Greening, a convocar um novo referendo sobre a saída do Reino Unido do bloco europeu, May imediatamente reagiu. “Em nenhuma circunstância”, disparou um porta-voz de 10 Downing Street.
Na semana passada, o governo de May apresentou seu novo plano para a relação econômica do Reino Unido com a União Europeia (UE) a partir de abril de 2019, quando a saída do bloco será efetivada. O texto prevê a adoção de um acordo de livre comércios de bens entre os dois lados e, por esta razão, foi atacado por membros de seu gabinete e pela base de seu partido, o Conservador.
Dois de seus principais ministros – Relações Exteriores, Boris Johnson, e para o Brexit, David Davis – desencadearam uma crise na semana passada, ao renunciarem por serem contrários ao plano. Em especial, ambos se opunham ao acordo comercial com os europeus. Foram substituídos com rapidez por May, mas a crise em torno do Brexit ainda persiste.
Na mesma linha, Greening classificou o documento proposto por May como “as piores de todas as palavas”. Ele tende a ser seguido, em seu apelo por um segundo referendo, por outros parlamentares da base política da primeira-ministra, segundo o jornal Financial Times.
O documento proposto por May sugere o acordo comercial com a União Europeia. A medida seria meio de evitar a retomada de conflitos na fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. Também propõe novos arranjos institucionais para monitorar a nova parceria e resolver disputas. Acordos comerciais com outros parceiros, como os Estados Unidos, estaria entre as prioridades de Londres nessa área.
Nesta segunda-feira, May acatou quatro emendas ao texto para evitar uma rebelião entre os parlamentares conservadores e, consequentemente, um abalo definitivo na estrutura de seu governo. As medidas serão apresentadas hoje à Câmara dos Lordes, segundo o jornal The Guardian.
As negociações em Bruxelas devem ser concluídas até a quinta-feira. No dia seguinte, os ministros de Relações Exteriores dos 27 países europeus deverão deliberar sobre os resultados das conversas.