O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, declarou nesta terça-feira, 4, vitória do seu Partido Bharatiya Janata (BJP) nas eleições gerais do país, confirmando as projeções. Com quase 99% das urnas apuradas, o BJP arrematou 36,7% dos votos e, a partir da coalizão de extrema direita Aliança Democrática Nacional (NDA), deve obter ao menos 291 assentos dos 543 do Parlamento indiano, suficiente para compor um governo de maioria simples, alcançada com 272.
“As pessoas depositaram sua fé na NDA pela terceira vez consecutiva! Este é um feito histórico na história da Índia”, escreveu Modi no X, antigo Twitter, prometendo que continuaria “o bom trabalho realizado na última década para continuar a cumprir as aspirações das pessoas”.
Sozinho, o BJP conquistou 239 cadeiras, 64 a menos em relação às eleições de 2019 e aquém ao número necessário para governar sozinho. Formar maioria parlamentar a partir de alianças pode colocar a administração Modi em uma saia justa para aprovar políticas, introduzindo um certo grau de incerteza na equação governista. Na última década, o premiê comandou o país com autoridade quase irrestrita e, com os novos resultados das urnas, torna-se o segundo chefe de Estado da Índia a vencer três mandatos consecutivos.
O indiano segue à risca a cartilha da extrema direita em ascensão ao redor do globo. O BJP tem como origem um grupo paramilitar que se inspirava nos Camisas Negras do ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945). Ele prega um nacionalismo exacerbado, no qual a Índia é o país dos hindus e os muçulmanos, 14% da população, estão lá para destruir os valores tradicionais.
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Resposta da oposição
Na prática, Modi também sufocou críticos, intimidou os meios de comunicação e apelou para detenções e processos judiciais contra os opositores. Antes mesmo dos resultados, a possibilidade da permanência do BJP no poder foi criticada pela oposição, em meio à prisão de políticos abertamente contrários ao primeiro-ministro.
No último domingo 2, Arvind Kejriwal, ministro-chefe da capital, Nova Délhi e um dos líderes da aliança de oposição que competiu contra o premiê, foi detido por acusações de corrupção. “Quando o poder se transforma em ditadura, a prisão torna-se uma responsabilidade”, provocou ele na ocasião. Segundo o think tank americano Freedom House, o partido governista está “utilizado cada vez mais instituições governamentais para atingir oponentes políticos” neste ano.
Embora o BJP tenha conseguido manter-se no poder, o legislador Rajeev Shukla, do Partido do Congresso, maior rival do BJP, disse a repórteres que a legenda de Modi sofreu “derrota moral” ao não conseguir conquistar uma supermaioria sozinho.