Jeremy Fleming, chefe do serviço de inteligência britânico GCHQ, disse nesta sexta-feira, 19, que a Rússia não conseguiu ganhar terreno no ciberespaço contra a Ucrânia quase seis meses após a invasão do país.
No comando da principal agência de espionagem do governo do Reino Unido, Fleming escreveu em um editorial para a revista The Economist que os dois países estão usando suas capacidades cibernéticas na guerra na Ucrânia, mas o presidente russo, Vladimir Putin, está em desvantagem.
“Até agora, o presidente Putin perdeu completamente a guerra de informação na Ucrânia e no Ocidente”, declarou. Ele, no entanto, faz uma ressalva: “Embora isso seja motivo de comemoração, não devemos subestimar como a desinformação russa está ocorrendo em outras partes do mundo.”
Segundo Fleming, assim como com a invasão terrestre – Moscou pretendia derrubar Kiev no início da guerra, mas falhou –, os planos iniciais da Rússia no mundo online “parecem ter ficado aquém”, apesar do uso “irresponsável e indiscriminado” de ferramentas cibernéticas ofensivas pelo país.
O chefe de inteligência afirmou que a Rússia implantou o malware WhisperGate para destruir e desfigurar os sistemas do governo ucraniano, usando o mesmo manual que foi aplicado em suas guerras na Síria e nos Bálcãs – a desinformação online é uma das principais ferramentas. No entanto, o GCHQ conseguiu interceptar o malware e fornecer avisos à Ucrânia a tempo, disse ele.
Sem entrar em muitos detalhes, Fleming disse que a Força Cibernética Nacional do Reino Unido poderia responder à Rússia implantando uma unidade militar do Reino Unido que emprega ferramentas cibernéticas ofensivas.
Também nesta sexta-feira, o Ministério de Defesa do Reino Unido informou que Krarkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, foi uma das mais bombardeadas desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Situada a cerca de 15 km da linha de frente russa, Kharkiv sofreu porque está ao alcance da maioria dos tipos de artilharia russa. Vários lançadores de foguetes e armas de área imprecisas causaram devastação em grandes partes da cidade, e as forças russas continuam realizando e sondando ataques locais contra forças ucranianas.
“Eles provavelmente estão tentando forçar a Ucrânia a manter forças significativas nesta frente, para evitar que sejam empregadas como força de contra-ataque em outros lugares”, disse o ministério.