Na Ucrânia, chefe da ONU condena bombardeios contra usina nuclear
António Guterres se reuniu nesta quinta-feira com os presidentes de Ucrânia e Turquia para encontrar uma solução para região ocupada
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta quinta-feira, 18, que está seriamente preocupado com a situação da maior usina nuclear da Europa, localizada na Ucrânia, depois dela ter sido bombardeada durante a guerra com a Rússia.
O Exército russo anunciou a captura da usina nuclear de Zaporizhzhia pouco depois do início do conflito, em 24 de fevereiro, e disse recentemente que poderia fechar a instalação, uma medida que, de acordo com Kiev, aumenta os riscos de uma catástrofe nuclear.
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Guterres, que está na cidade de Lviv, no leste ucraniano, falou a repórteres após conversas com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pedindo que equipamentos e pessoal militar fossem removidos da usina o mais rápido possível.
“A instalação não deve ser usada como parte de nenhuma operação militar. Em vez disso, é necessário um acordo urgente para restabelecer a infraestrutura puramente civil de Zaporizhzhia e garantir a segurança da área”, disse ele.
O Kremlin já havia definido como “inaceitável” a proposta de desmilitarizar a área ao redor do complexo, que ainda é operado por engenheiros ucranianos sob supervisão do Exército russo. Nos últimos dias, uma série de bombardeios aconteceu próximo à usina e ambos os lados se culparam pelos atos.
Além das acusações de ataque, as Forças Armadas ucranianas dizem que a Rússia usa a região como escudo para seus militares lançarem ataques através dos reservatórios em cidades ocupadas, o que Moscou nega.
Após o encontro nesta quinta com o secretário-geral, Zelensky disse que ambos concordaram com os parâmetros de uma possível missão da Agência Internacional de Energia Atômica à usina.
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“A Rússia deve retirar imediata e incondicionalmente suas forças do território da usina nuclear de Zaporizhzhia, bem como interromper quaisquer provocações e bombardeios”, disse ele, que já acusou os russos de fazerem uma “chantagem nuclear”.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que é possível que o país opte por fechar as portas da usina caso a região sofra novos ataques. A Ucrânia, por sua vez, acusa os russos de planejar fechar o complexo de modo a separá-lo da rede de energia ucraniana, transferindo sua produção para o território russo.
A Energoatom, empresa estatal responsável pelo local, se manifestou dizendo que um fechamento aumentaria consideravelmente os riscos de “um desastre de radiação na maior usina nuclear da Europa”. Segundo a companhia, desconectar os geradores do complexo do sistema de energia impediria que eles fossem usados para manter o combustível nuclear resfriado no caso de uma queda de energia na usina.
Além de Zelensky e Guterres, o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, também participou das conversas desta quinta e disse ser um trunfo para conseguir encontrar soluções para a crise em Zaporizhzhia devido a sua boa relação com o líder russo, Vladimir Putin. Foi ele quem participou das negociações para a liberação dos grãos dos portos ucranianos ocupados pelas forças russas.
“Pessoalmente, mantenho minha crença de que a guerra acabará na mesa de negociações. Zelensky e Guterres têm a mesma opinião a esse respeito”, disse Erdogan.
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No sábado 13, o presidente ucraniano chego a afirmar que os soldados russos que atacarem a usina nuclear serão “alvos especiais” das forças ucranianas. Kiev alertou também que o Kremlin pode alegar falsamente que os ataques à maior usina nuclear da Europa são de responsabilidade da Ucrânia.
“Todo soldado russo que atira contra a planta, ou atira usando a planta como cobertura, deve entender que se torna um alvo especial para nossos agentes de inteligência, para nossos serviços especiais, para nosso exército”, disse em um discurso em vídeo.