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Na Hungria, papa Francisco pede união da Europa pelo fim da guerra

Em seu discurso, o papa delineou uma visão de futuro para a Europa e criticou as políticas nacionalistas do primeiro-ministro húngaro

Por Da Redação
Atualizado em 28 abr 2023, 18h45 - Publicado em 28 abr 2023, 17h04
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  • Em uma visita de três dias à Hungria, o papa Francisco criticou nesta sexta-feira, 28, a “beligerância adolescente” que trouxe a guerra de volta à Europa e afirmou que o continente deveria recuperar o espírito fundador de unidade pacífica para enfrentar o conflito na Ucrânia

    Em um discurso cuidadosamente calibrado, o pontífice delineou uma visão de futuro para a Europa e exigiu que a União Europeia aprovasse formas seguras e legais de entrada de imigrantes para que o governo húngaro não tornasse a Europa “refém” de demandas populistas.

    Ao se dirigir ao presidente húngaro, Katalin Novak, e ao primeiro-ministro, Viktor Orbán, Francisco não mediu palavras para criticar o nacionalismo que substituiu os princípios fundadores da comunidade.

    “Parece que estamos testemunhando o triste pôr do sol daquele sonho coral de paz, enquanto os solistas da guerra agora assumem o controle”, disse Francisco. “Nesta conjuntura histórica, a Europa é crucial. É chamada a assumir o seu papel próprio, que é unir os distantes, acolher os outros povos e recusar-se a considerar alguém um inimigo eterno.”

    De acordo com autoridades húngaras, a visita do papa ao país, a segunda a Budapeste em dois anos, foi planejada para que ele ministrasse à comunidade católica. No entanto, com os conflitos na vizinha Ucrânia aumentando as tensões entre os países e Orban batendo de frente com nações da UE sobre questões de estado de direito, as palavras de Francisco carregaram fortes conotações políticas.

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    Francisco também não perdeu a oportunidade de repetir o pedido de uma solução pacífica para a guerra, expressando solidariedade ao povo ucraniano – mesmo que sua viagem à Hungria o tenha trazido para mais perto da linha de frente.

    No sábado, 29, o papa planeja se reunir com 35 mil refugiados ucranianos que permanecem na Hungria. Ao todo, quase 2,5 milhões de imigrantes entraram no país desde o início da invasão russa. Em sua fala nesta sexta, ele aproveitou para expressar gratidão pela recepção dos ucranianos pelo país, no entanto, suas opiniões sobre acolher todas as pessoas que fogem de conflitos contrastam com a linha dura de Orban em relação à imigração.

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    Para impedir a entrada de refugiados da Sérvia, a Hungria chegou a criar em 2015 uma cerca de arame farpado na fronteira entre os países. Agora, o papa afirmou que acabou o momento de “desculpas e atrasos” da Europa em relação à crise de imigração que faz pessoas arriscarem a própria vida.

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    Ao mesmo tempo que o papa pediu que a UE criasse “corredores seguros e legais” que forneceriam uma rota mais segura a esses refugiados, ele expressou preocupação com o crescente isolamento da Hungria.  

    Apesar de Orban ter pedido um cessar-fogo, o primeiro-ministro nacionalista se recusou a fornecer armas a Kiev e ameaçou vetar as sanções da UE contra Moscou. Assim, a Hungria ainda é dependente da energia russa, e seu governo também afirmou que não prenderia o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão internacional, caso ele visitasse o país.

    “Penso numa Europa que não seja refém das suas partes, nem seja vítima de formas autorreferenciais de populismo, nem recorra a um supranacionalismo fluido, se não enfadonho, que perde de vista a vida dos seus povos”, argumentou o pontífice. 

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    Porém, o presidente por sua vez elogiou Francisco como um homem de paz e pediu-lhe que se reunisse com “Kiev, Moscou, Washington, Bruxelas, Budapeste e qualquer pessoa sem a qual não pode haver paz”.

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    A visita do papa também ocorre em um momento em que a legislatura da UE pressiona a Hungria a combater a deterioração do estado de direito e dos princípios democráticos, incluindo liberdade de mídia e direitos LGBTQIA+. Inclusive, os quatro maiores grupos do Parlamento Europeu pediram à comissão executiva do bloco que retenha os fundos de recuperação da pandemia para a Hungria até que os princípios da democracia liberal sejam cumpridos.

    Francisco não entrou na disputa, mas pediu que o país permaneça aberto para os outros, em uma aparente referência à retórica nacionalista de Orban. Já sobre os direitos LGBTQIA+, Francisco apoia proteções legais para pessoas em uniões do mesmo sexo, no entanto, a doutrina católica proíbe o casamento homossexual.

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