Na contramão de países vizinhos, Espanha flexibiliza regras de imigração
Novo Regulamento de Estrangeiros entra em vigor nesta terça-feira e deve beneficiar 900 mil pessoas em situação irregular nos próximos três anos

Entrou em vigor nesta terça-feira, 20, o novo Regulamento de Estrangeiros da Espanha, que traz uma série de medidas para facilitar a regularização de imigrantes no país. A expectativa do governo é que cerca de 900 mil pessoas em situação irregular sejam beneficiadas nos próximos três anos.
O novo regulamento reduz prazos para concessão de autorizações de residência, facilita o acesso ao mercado de trabalho e amplia os caminhos para a regularização de quem já teve pedido de asilo negado.
Entre as principais mudanças está a ampliação das possibilidades de obtenção do chamado arraigo, uma autorização excepcional de residência baseada em vínculos com o país, que agora passa a contar com cinco modalidades: social, sociolaboral, familiar, socioformativo (para quem faz curso profissionalizante) e segunda oportunidade (para quem perdeu a residência anterior por motivo justificado).
Além disso, o tempo exigido para solicitar o arraigo sociolaboral foi reduzido, e agora os estrangeiros poderão dar entrada no pedido após dois anos de permanência contínua na Espanha, em vez dos três anos anteriormente exigidos. A carga horária mínima exigida para trabalhadores também foi alterada, diminuindo de 30 para 20 horas semanais.
Por outro lado, a legislação também impõe restrições. Uma das principais é a exclusão de cursos de espanhol como base para conversão de visto em autorização de residência, caminho antes utilizado por muitos imigrantes.
Importância da imigração
Na contramão de países vizinhos que discutem novas restrições à entrada de imigrantes e à concessão da cidadania, como a Itália, as mudanças refletem o reconhecimento do governo espanhol sobre a importância da imigração na economia do país. De acordo com o Banco Central Europeu, cerca de 80% do crescimento econômico espanhol desde 2019 está ligado ao aumento da força de trabalho estrangeira.
“Em um contexto global em que a escassez de mão de obra e as mudanças demográficas se tornam cada vez mais evidentes, a contribuição dos trabalhadores migrantes é indispensável para o crescimento econômico sustentável e o desenvolvimento social”, disse a ministra para a Integração, Segurança Social e Migrações, Elma Saiz, durante o anúncio do novo regulamento.
Além do novo regulamento, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez negocia com o Parlamento uma proposta paralela que pode levar à regularização de até 470 mil pessoas em situação irregular. A medida deve estabelecer um “regime transitório, excepcional e limitado no tempo” para quem já estava na Espanha antes de 31 de dezembro do ano passado.