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Mourão sobre Amazônia: “Não se pode fugir da nossa legislação ambiental”

Em entrevista à Globo News, general afirma que vitória de Alberto Fernández será uma 'tragédia argentina'

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 9 set 2019, 04h51 - Publicado em 8 set 2019, 21h14
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  • O presidente interino da República, Hamilton Mourão, defendeu o respeito à legislação ambiental e a repressão a atividades ilegais na Amazônia. Em entrevista à Globo News exibida neste domingo, 8, mas gravada antecipadamente, o general mostrou-se preocupado com o impacto negativo dos incêndios e do desmatamento na floresta amazônica sobre o agronegócio brasileiro, uma das poucas atividades brasileiras que já está inserida na chamada Economia 4.0, baseada no conhecimento.

    “Não se pode fugir da nossa legislação ambiental. Temos uma legislação importante”, afirmou Mourão, que conduz a Presidência a partir desde domingo, enquanto o presidente Jair Bolsonaro está hospitalizado. “Aquilo que é ilegal tem que ser reprimido”, completou.

    Mourão afirmou que o episódio conhecido como Dia do Fogo, em 10 de agosto passado, “tem de ser investigado”. Tratou-se de um movimento supostamente conduzido por fazendeiros da região de Novo Progresso (PA) por meio do Whats APP para atear fogo em áreas florestais. As mensagens apontavam que o objetivo era “mostrar para o presidente (Bolsonaro) que queremos trabalhar, e o único jeito é derrubando” a floresta”. Segundo o presidente interino, a região onde se deu essa convocação é um “faroeste”.

    O general explicou que a maior parte das irregularidades ocorre nas áreas de transição entre o bioma amazônico e a Amazônia Legal. Ali atuam grupos de madeireiros, grileiros e garimpeiros – às vezes os três em conjunto. “Compete ao governo atacá-los. O garimpeiro é o bandeirante moderno, que vai atrás da riqueza. Se você for para a Venezuela e para a Guiana, vai encontrar Exércitos de garimpeiros brasileiros”, explicou.

    As atividades legais devem ter sinal verde, em sua opinião. Da mesma forma, os indígenas devem ser autorizados a explorar economicamente em suas reservas, também de acordo com a legislação.

    Durante a entrevista conduzida pelo jornalista Roberto D’Avila, Mourão esforçou-se para explicar atitudes e declarações do presidente Bolsonaro, que têm gerado polêmicas e potenciais prejuízos para o Brasil. D’Avila lembrou-se da frase de Bolsonaro em favor da redução de multas ambientais, de seus ataques ao candidato peronista à eleição na Argentina, Alberto Fernández, e da retórica agressiva do presidente em outros temas. Questionado se conseguia conversar com seu chefe, Mourão atalhou:

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    “Consigo. Converso com ele, quando necessário. Ele me diz: Tu pode (sic) entender de Exército, mas de política entendo eu”, declarou o general, rindo. Mourão destacou que, com suas declarações, Bolsonaro adota uma estratégia própria de comunicação. “É ele quem pauta as notícias”, afirmou.

    China

    Mourão afirmou que, na licitação da internet 5G, programada para este final de ano, o Brasil tem se de mostrar “pragmático e flexível e buscar o interesse nacional”. Para ele, a empresa e o Brasil têm de se beneficiar mutuamente pelo contrato que será assinado.

    Entre os concorrentes estará a companhia chinesa Huawei, a maior detentora dessa tecnologia, que vai direcionar a próxima revolução industrial. Os Estados Unidos, no entanto, pressionam o  Brasil a vetar a participação da Huawei.

    Milícias

    Questionado sobre o risco para a Nação da atuação das milícias, sobretudo no Rio de Janeiro, Mourão afirmou que o combate a esses grupos e aos traficantes “transbordou” o aparato policial. Ele afirmou que a solução passa pela mudança na legislação penal, que considera leniente, pela discussão sem emoções sobre os crimes cometidos por menores, pela reforma do sistema penitenciário – “não podem haver masmorras nem áreas de lazer” -, pelo investimento no aparato policial e pela questão social.

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    “A guerra se dá no meio do povo. As quadrilhas botam a população na rua e abrem fogo”, declarou.

    Argentina

    Dono de linguagem polida, o presidente interino coincidiu com  Bolsonaro que a vitória de Fernández na eleição de 27 de outubro “vai ser uma tragédia argentina”. Ele explicou que o governo brasileiro tem muita “simpatia” com a administração de Mauricio Macri, que concorre à reeleição com chances menores que as de seu adversário peronista. Fernández tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner.

    Para Mourão, Macri não conseguiu segurar as repercussões das reformas na população argentina. “Nós também sofremos pressão enorme, mas não podemos entregar as contas”, afirmou.

    O presidente interino indicou estar incondicionalmente ao lado de Bolsonaro. “Quando ele sair do avião, eu saio com ele”, disse. Valendo-se da célebre frase do ativista americano dos direitos civis Marthin Luther King, ele disse ter um sonho de ver o país seguir um rumo de prosperidade e de tirar a população da miséria. Mas esquivou-se de responder qual medida assinaria na Presidência.

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    Dentre suas preocupações na região estão a difícil mudança no regime venezuelano e a retomada das ações violentas da Força Armada Revolucionárias da Colômbia (Farc).

     

     

     

     

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