Sobrevivente do campo de concentração nazista de Auschwitz, ministra da saúde francesa responsável pela legalização do aborto no país e primeira mulher eleita presidente do Parlamento Europeu, Simone Veil morreu nesta sexta-feira (30). A família confirmou a morte.
Com 89 anos, Veil nasceu em Nice em 1927, em uma família de judeus não praticantes. Presa pela Gestapo em 1944, assim como boa parte de seus familiares, ela conseguir sobreviver ao fim da guerra, embora tenha perdido os pais e um irmão.
De volta à França, Veil estudou direito e trabalhou como funcionária do alto escalão na magistratura até que, em maio de 1974, o presidente recém-eleito, Valéry Giscard d’Estaing, a nomeou ministra de Saúde, um cargo em que ficou marcada, sobretudo pela conhecida “lei Veil”, que despenalizou a interrupção voluntária da gravidez.
Na defesa dessa lei no parlamento, Simone enfrentou uma oposição particularmente dura da direita, com alguns deputados que chegaram a acusá-la de apoiar o genocídio e de comportamento similar ao dos nazistas.
Entre 1979 a 1982, Veil presidiu o Parlamento Europeu, na primeira vez em que seus integrantes foram eleitos por sufrágio universal.
Simone voltou a ocupar um cargo ministerial como titular de Saúde e Assuntos Sociais no governo do primeiro-ministro Edouard Balladur entre 1993 e 1995, foi membro do Conselho Constitucional entre 1998 e 2007, e entrou para a Academia Francesa em 2008, uma distinção rara aos políticos do país.
Conforme o jornal americano The New York Times, quando eleita para a Academia (na cadeira de Racine), Veil recebeu uma homenagem por conseguir construir consensos entres os franceses. “Contra todas as chances, sem jamais alterar a voz, você conseguiu convencer a todos. Podemos dizer sem presunção: no coração da vida política, você ofereceu uma imagem moral e republicana”, disse na ocasião o escritor Jean d’Ormesson, escolhido para dar as boas-vindas.
Em uma das primeiras reações à sua morte, o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma mensagem no Twitter, ofereceu seu pesar à família e disse esperar que Simon Veil “possa inspirar com seu exemplo” os franceses, a encontrar “o melhor da França”.
(Com EFE)