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Morre Riccardo Erhman, jornalista que ‘derrubou’ o Muro de Berlim

Italiano questionou porta-voz do regime da Alemanha Oriental sobre novas regras no controle da fronteira, em novembro de 1989

Por Da Redação Atualizado em 15 dez 2021, 19h08 - Publicado em 15 dez 2021, 19h01
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  • Morreu na terça-feira, 14, o jornalista italiano Riccardo Erhman, de 92 anos, conhecido por fazer a histórica pergunta que levou à queda antecipada do Muro de Berlim, que dividiu a Alemanha Oriental, governada por comunistas, e a Ocidental, comandada por capitalistas, por quase três décadas durante a Guerra Fria.

    Segundo sua esposa, ele faleceu em Madri, última cidade onde trabalhou antes de se aposentar.

    Em 9 de novembro de 1989, Erhman questionou durante entrevista coletiva o porta-voz do regime da Alemanha Oriental, Günter Schabowski, sobre novas regras no controle da fronteira. Pressionado sobre datas, o porta-voz eventualmente anunciou que seria “agora mesmo, imediatamente”.

    Autoridades já haviam criado um plano de relaxamento dos controles na fronteira. No entanto, Schabowski não havia sido informado sobre o plano e, até aquele momento, o ponto não havia sido mencionado. Foi Erhman quem levantou o assunto.

    “Saí imediatamente e enviei um telegrama para a minha sede em Roma: ‘O Muro caiu’”, relembrou o jornalista em entrevista em 2014, nos 25 anos da queda do muro. 

    Segundo ele, “apenas duas pessoas foram correndo para o telefone. Uma era eu e outro era um colega alemão, chefe de imprensa da delegação permanente da Alemanha Ocidental em Berlim Oriental”.

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    A notícia dada por Erhman, que na época trabalhava para agência de notícias italiana ANSA, rapidamente se espalhou e foi acompanhada tanto na Alemanha Ocidental quanto na Oriental. Logo em seguida, cidadãos do lado comunista foram até a fronteira interna dentro de Berlim.

    Por três horas, guardas fronteiriços, que não haviam sido informados da mudança de regulamento, tentaram segurar a travessia. Durante semanas manifestantes na Alemanha iam às ruas exigindo o direito de liberdade de expressão de viagem entre os países.

    O clima, abalado pela saída do líder comunista Erich Honecker no mês anterior, proporcionou que em 4 novembro mais de meio milhão de pessoas se reunissem na Alexanderplatz, em Berlim Oriental, para exigir mudanças.

    Depois de pressão, os guardas fronteiriços deixaram de fazer resistência e abriram as passagens para que pessoas passassem do Leste para o Oeste sem controle.

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    Em entrevista à agência de notícias EFE em novembro de 2019, Erhman relembrou o acontecimento e disse que chegou tarde à entrevista coletiva, sem “qualquer ideia do que iria acontecer. Não havia sido alertado de nada, não havia preparado nenhuma pergunta ou algo do tipo”.

    “Fiz a pergunta porque as viagens eram uma situação importante naquele momento”, relembrou.

    Nascido na cidade italiana de Florença e filho de pais poloneses que chegaram à Itália na década de 1920, nos primeiros sinais de antisemitismo na Polônia, Erhman foi enviado a um campo para judeus fundado pelo ditador Benito Mussolini quando tinha 13 anos.

    Depois de passagens por jornais italianos e pela agência Associated Press em Nova York, o jornalista chegou a Berlim em 1976, onde permaneceu até 1982, quando passou a ser correspondente no sul da Ásia.

    Em 1985 ele retornou a Berlim, porque “aparentemente não havia colegas que falavam alemão”, disse à EFE em 2019. Em 1992 se mudou para Madri, como correspondente responsável por Espanha e Portugal.

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