O dissidente chinês vencedor do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo morreu, informou nesta quinta-feira (13) o governo da cidade de Shenyang, na China, onde Liu estava internado para receber tratamento para um câncer no fígado em estado avançado.
O departamento jurídico de Shenyang afirmou em um breve comunicado em seu site que Liu sofreu uma falência múltipla de órgãos e que esforços para salvá-lo fracassaram.
Ele fora recentemente transferido da prisão para um hospital em Shenyang.
Os últimos exames revelaram que o tumor de Liu havia aumentado e que Liu apresenta um quadro de pressão baixa e de insuficiência renal.
Várias organizações de defesa dos direitos humanos e familiares acusaram o governo chinês de ter esperado que seu estado de saúde piorasse para, então, libertá-lo.
As autoridades garantem que Liu está sendo atendido por renomados oncologistas.
No sábado, o hospital de Shenyang declarou que o paciente não poderia ser transladado para o exterior, contrariando seu desejo. O Nobel havia pedido para ser tratado fora da China.
No domingo (9), médicos americanos e alemães que examinaram o escritor e afirmaram que ele poderia viajar “sem perigo”.
Condenado por pensar diferente
Liu, de 61 anos, foi condenado a 11 anos de prisão em 2009 por “incitar a subversão do poder do Estado”, depois de ter ajudado a escrever uma petição conhecida como “Estatuto 08” pedindo por amplas reformas políticas.
Ele foi um dos autores da chamada Carta 08, um manifesto que exigia a realização de eleições livres. Durante a cerimônia de entrega do Nobel em Oslo, em 2010, foi representado por uma cadeira vazia. Na ocasião, o governo chinês chamou a distinção de obscena.
O dissidente foi detido pela primeira vez após os célebres protestos do movimento estudantil na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em junho de 1989, violentamente reprimidos pelo governo. Entre 1996 e 1999, foi enviado a um campo de “reeducação pelo trabalho” por defender a reforma política e a libertação dos estudantes que participaram dos protestos de 1989 que permaneciam presos.
(Com Reuters)