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Morre aos 100 anos Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano

Conselheiro político de vários presidentes dos Estados Unidos, ele faleceu em sua casa, em Connecticut

Por Da Redação Atualizado em 30 nov 2023, 00h20 - Publicado em 29 nov 2023, 23h03

Sua vida se confunde com os destinos do século XX, para o qual foi influente e, em certo sentido, determinante. Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano, dominou a política externa enquanto os Estados Unidos derretiam no Vietnã e rompiam barreiras com a China, nos anos 1970. Seu apoio às ditaduras latino-americanas, inclusive a militar que dominou o Brasil por mais de 20 anos, rendeu-lhe muitas críticas. Ele morreu na quarta-feira, segundo sua empresa de consultoria. Tinha 100 anos. Estava em sua casa, no estado americano de Connecticut. A causa da morte não foi informada.

Seu estilo era inconfundível. O diplomata de óculos grossos e voz rouca foi conselheiro de presidentes dos Estados Unidos, como Richard Nixon e Gerald Ford, e político republicano controverso. Secretário de Estado entre 1973 e 1977, depois de já atuar como assessor de Segurança Nacional da Presidência desde 1969, ele manteve sua influência ao longo das décadas seguintes. Em 1973, ele foi laureado junto com Le Duc Tho com o Prêmio Nobel da Paz, pela negociação que levou ao cessar-fogo no Vietnã — Le Duc Tho, no entanto, recusou o prêmio. Décadas mais tarde, o seu nome ainda provocava debates apaixonados sobre marcos da política externa há muito passados.

Sua reputação era oriunda de um estilo atuante, que Kissinger traduziu em uma diplomacia ágil e pragmática, fundada nos conceitos da Realpolitik – a política de resultados práticos, independente de ideologia ou moral. Em seu caso, isso significava assumir a tarefa de formular e executar suas próprias decisões em nome do governo dos EUA.

Façanhas diplomáticas?

Em sua série de grandes façanhas diplomáticas está a negociação dos tratados de controle de armas nucleares entre Estados Unidos e União Soviética. Assinados a partir de 1973 em Helsinque, na Finlândia, os acordos de Não Proliferação de Armas Estratégicas e de Mísseis Antibalísticos afastaram a ameaça de aniquilamento mútuo das duas superpotências. No mesmo ano, as negociações de paz a respeito da Guerra do Vietnã tiveram fim em Paris, estabelecendo a retirada das tropas americanas e o término do conflito.

Mas foi na era Nixon, de triste memória, em razão do escândalo de Watergate, que ganhou destaque na política americana, atuando como uma espécie de eminência parda da presidência. Nesse período, ganhou uma espécie de poder paralelo.  Em seus escritos sobre sua vida, Kissinger discorreu sobre o período, refletindo sobre os efeitos desse empoderamento. “Sem dúvida minha vaidade foi despertada”, escreveu. “Mas a emoção dominante foi uma premonição de catástrofe.”

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Naturalizado americano

Nascido em 1923,  na pequena cidade alemã de Fürth, Heinz Alfred Kissinger integrava uma família de professores e acadêmicos judeus. Em 1938, fugindo da perseguição nazista, ele partiu com a família rumo aos EUA, onde Kissinger adotaria o nome Henry ao se naturalizar americano em 1943. Seu primeiro trabalho no novo país foi numa fábrica de escovas de barbear, mas após a II Guerra Mundial uma bolsa de estudos o colocou na Universidade de Harvard, onde fez mestrado e doutorado, se tornou professor catedrático e dirigiu o Centro de Estudos Internacionais e o Programa de Estudos de Defesa.

Em sua biografia de Kissinger, Walter Isaacson diz que a infância na Alemanha nazista, onde o personagem experimentou em primeira mão os horrores do anti-semitismo, teve um impacto profundo na sua visão de mundo, porque incutiu nele um profundo senso de pragmatismo e ceticismo em relação à natureza humana. Nos últimos anos de vida, cultivou a reputação de estadista respeitado, proferindo discursos, aconselhando republicanos e democratas e gerindo uma empresa de consultoria global. Ele apareceu na Casa Branca do presidente Donald Trump em várias ocasiões.

Pai de dois filhos, Elizabeth e David, frutos de um primeiro casamento terminado em 1964, Henry Kissinger era casado desde 1974 com Nancy Maginnes Kissinger, filha de um rico advogado nova-iorquino. Os dois se conheceram quando ele era professor em Harvard e ela, aluna da universidade. Eles moravam em Nova York e em Kent, no estado de Connecticut. 

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