Na primeira coletiva de imprensa após exílio no México, nesta quarta-feira, 13, o ex-presidente Evo Morales disse que voltaria à Bolívia para “pacificar” o país se a população pedisse.
“Se meu povo pedir, estamos dispostos a voltar para apaziguar, mas é importante o diálogo nacional”, disse. Morales acrescentou que vai “voltar cedo ou tarde, quanto antes melhor, para pacificar a Bolívia”, país tomado por ações violentas há quase um mês. Até a terça-feira 12, eram sete os mortos em 23 dias de protestos, que começaram após a eleição em que Morales foi reconduzido para um quarto mandato. O pleito foi considerado fraudulento pela oposição, e a OEA apontou que a eleição estava repleta de “irregularidades”.
Na coletiva, o ex-presidente pediu diálogo nacional, com “países amigos” como mediadores entre as forças políticas. Ele apelou à polícia e às Forças Armadas, que o pressionaram para renunciar, para que não atirassem contra o povo.
Durante a coletiva, Morales disse também que “imagina” que os Estados Unidos estejam por trás do que ele chama de “golpe de Estado”. Para ele, a proclamação da vice-presidente do Senado Jeanine Añez como presidente interina é a confirmação do “golpe”, já que o Legislativo ainda não aceitou a sua renúncia, como prevê a Constituição.
“Não há golpe de Estado”, diz Añez
Contrariando a denúncia de Morales, Añez disse que “não há um golpe de Estado” na Bolívia, mas “uma reposição da legalidade constitucional”.
Em seu primeiro discurso à população como presidente em exercício, no Palácio Quemado, em La Paz, garantiu que vai convocar novas eleições “o mais rápido possível” e que seu mandato é “estritamente provisório”.
À população, a presidente interina pediu “uma transição pacífica e democrática”, dizendo que “são os líderes que têm o dever de lutar pelas necessidades e expectativas do povo, e não o povo que precisa lutar pelas ambições dos líderes”.
Nesta quarta-feira, Añez tomou a primeira decisão como mandatária em exercício: nomear um novo Alto Comando Militar para o período de transição, destituindo Williams Kaliman, que comandou a ação dos militares, em auxílio à polícia, nas ruas da Bolívia na noite de protestos violentos após a renúncia de Morales.
No lugar de Kaliman, entra o general do Exército Carlos Orellana. Embora o Estado boliviano seja laico, um crucifixo e duas velas foram posicionados ao lado da Constituição da Bolívia na cerimônia de posse do militar. Em discurso, o novo comandante das Forças Armadas pediu “calma a toda a população da Bolívia”.
(Com AFP e EFE)