Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas após um míssil russo atacar um navio atracado no porto ucraniano de Odesa, no Mar Negro, nesta quinta-feira, 9. Segundo o comando militar do sul da Ucrânia, o foguete foi lançado por uma aeronave tática russa, que sobrevoava as águas locais.
“O foguete atingiu a estrutura de um navio civil sob bandeira da Libéria no momento de sua entrada no porto”, afirmou o centro militar através de um comunicado no Telegram.
O ministro da Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, informou que o navio deveria transportar minério de ferro, tendo como destino a China. Ele também destacou os fortes danos à infraestrutura nacional, em razão das atitudes de Moscou desde a invasão ao território ucraniano, em fevereiro do ano passado. Como consequência, uma investigação sobre o recente incidente foi instaurada.
“Este é o 21º ataque aos portos do Mar Negro na região de Odesa desde que a Rússia abandonou o acordo de cereais em julho. Durante este período, o país terrorista danificou mais de 160 instalações de infraestrutura e 122 veículos de transporte”, escreveu no Facebook. “É por isso que a Ucrânia está fazendo tudo para fortalecer a defesa aérea e proteger o sul da Ucrânia dos ataques terroristas russos.”
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O episódio desta quinta-feira não é isolado. Em julho, a Rússia abandonou um acordo que garantia o transporte seguro de cereais pelo Mar Negro. Com mediação das Nações Unidas e da Turquia, a Iniciativa de Grãos do Mar Negro entrou em vigor em julho do ano passado e tinha como objetivo impedir que países do Oriente Médio e da África sofressem com a falta dos grãos ucranianos, de forma a evitar uma suposta ampliação da fome nas regiões. Dados da ONU indicam que pelo menos 25% do carregamento é destinado à Estados de baixa renda.
Com a eclosão do conflito Kiev-Moscou, os portos ucranianos foram bloqueados pela Marinha russa. A saída do tratado e o bloqueio da rota levou a Ucrânia, conhecida como “celeiro da Europa”, a abrir um corredor humanitário temporário, em agosto. Na ocasião, o porta-voz da Marinha, Oleh Chalyk, disse à agência de notícias Reuters que o caminho seria monitorado por câmeras, instaladas nas embarcações, e ressaltou que a novidade não tinha qualquer “propósito militar”.
Com a falta de renovação da iniciativa, a Rússia iniciou uma série de bombardeios em portos e em centros de armazenamento de cereais na Ucrânia. O Ministério da Defesa russo, inclusive, anunciou que navios que navegassem pelo Mar Negro em direção aos portos controlados por Kiev seriam considerados potenciais carregadores de equipamentos militares. Em resposta, o governo de Volodymyr Zelensky afirmou que a ação violava “grosseiramente” as obrigações internacionais, já que colocava em risco um meio de transporte civil