Ministro ucraniano denuncia ataques russos contra patrimônios culturais
Mais cedo, Unesco já havia alertado sobre danos, sobretudo em locais que estão na lista de Patrimônios da Humanidade, como Catedral de Santa Sofia de Kiev
O ministro da Cultura da Ucrânia, Oleksandr Tkachenko, pediu nesta sexta-feira, 4, o “fechamento dos céus sobre a Ucrânia, porque agressores russos estão destruindo patrimônios culturais ucranianos”.
Em comunicado emitido pelo ministério, Tkachenko alegou que “a maioria dos crimes de guerra do (presidente russo, Vladimir) Putin na Ucrânia está sendo cometida pelo ar”.
“Mísseis e aviões russos estão deliberadamente destruindo centros históricos de grandes cidades. Putin quer destruir a herança e cultura europeia, eliminá-la da face da terra”, disse o ministro, alertando para ameaças à Catedral de Santa Sofia de Kiev, igreja construída no século 11, conforme forças russas avançam em direção à capital.
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Apesar de pedidos reiterados feitos pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma zona de exclusão aérea sobre território ucraniano, há dificuldades para implementação da medida. Aliados da Otan, principal aliança militar ocidental, e os Estados Unidos descartado anteriormente o uso de tropas para criar uma zona de exclusão, já que tal ação colocaria forças em combate direto com a Rússia, o que daria novas proporções à guerra.
Mais cedo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) já havia alertado sobre danos, sobretudo em locais que estão na lista de patrimônios da humanidade.
A Ucrânia é lar de sete Patrimônios da Humanidade na lista da Unesco, entre elas a Catedral de Santa Sofia de Kiev e prédios monásticos relacionados. Outros patrimônios da lista estão localizados na cidade de Lviv, na cidade portuária de Odesa e na cidade de Kharkiv, segunda maior do país. Todas as quatro cidades foram alvo de ataques e bombardeios por forças russas.
Em comunicado, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que a agência está coordenando esforços com autoridades ucranianas para marcar o mais rápido possível os locais com sinais internacionalmente reconhecidos para proteção.
Além disso, a agência já organizou encontros com diretores de museus e centros culturais do país para ajudá-los a proteger coleções e propriedades culturais.
“Precisamos salvaguardar estas heranças, como testemunho do passado mas também um vetor para paz para o futuro”, disse Azoulay.
De acordo com o Ministério da Cultura, forças russas atiraram na contra a Catedral da Dormição, em Kharkiv, e prédios da Universidade Nacional de Artes de Kharkiv, além de dormitórios da Academia Estatal de Cultura de Kharkiv.
Segundo a agência de notícias Interfax, os ataques contra a cidade também teriam atingido parte de uma área residencial. Autoridades ucranianas dizem que ao menos dez pessoas morreram e vinte ficaram feridas.
Em fotos e vídeos, é possível ver os danos a diversos pontos da cidade.
Em Ivankov, perto de Kiev, o museu dedicado à artista Maria Pryimachenko foi atacado, segundo o ministério. Também houve danos à Academia Estatal de Artes Decorativas e Design.
Na noite de quarta-feira, o prefeito da estratégica cidade de Kherson, banhada pelo rio Dnieper e próxima do mar Negro, afirmou que forças russas assumiram controle. Segundo uma testemunha ouvida pela agência de notícias EFE, o centro da cidade “está completamente ocupado por militares russos e veículos blindados pesados”.
Mais a leste, em Mariupol, no Mar de Azov, na região de Donetsk, separatistas pró-russos apoiados pelos militares russos garantiram nesta quarta-feira que as suas forças bloquearam a cidade, de acordo com a imprensa russa.
Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira. De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.