Milei: ‘Nosso compromisso é com a democracia, o comércio livre e a paz’
Em seu primeiro discurso, presidente eleito da Argentina promete adotar medidas duras da cartilha liberal para fazer o país voltar a ser uma potência

Em seu primeiro discurso como presidente da Argentina, em um hotel de Buenos Aires, Javier Milei falou por 17 minutos e reafirmou sua vontade de fazer o país voltar a crescer com base em uma cartilha liberal.
“Hoje começa o fim da decadência argentina e começamos a virar a página da nossa história e voltamos a retomar o caminho que nunca deveríamos ter perdido. Se termina o modelo empobrecedor do Estado onipresente, que só beneficia a alguns, enquanto a maioria dos argentinos sofre. Hoje, voltamos a abraçar as ideias da liberdade”, afirmou.
Sozinho no púlpito, ele foi apresentado por sua irmã, Karina, que raramente aparece em público. Ela introduziu o novo presidente, que subiu ao palco ao som da canção Vamos por la Glória, de La Beriso, banda de rock argentina. Os dois se abraçaram visivelmente emocionados. Em seu pronunciamento, Milei elencou os compromissos de seu governo, que terá início em 10 de dezembro.
“Essas ideias seguem três premissas muito simples: um governo limitado, que cumpre rigorosamente os compromissos que assumiu, respeito à propriedade privada e comércio livre. O modelo da decadência chegou ao fim e não há volta atrás. Basta do modelo da casta.”
A plateia respondeu com um grito de guerra que fez parte de toda a campanha: “Que se vão todos e não fique um só”.
Milei aproveitou para mandar recados para os representantes do peronismo, que agora integrarão a oposição: “Todos os que quiserem se somar serão bem-vindos. É mais importante aquilo que nos une do que o que nos separa, porque é isso que vai fazer que voltemos a ser uma potência. Sabemos que alguns vão resistir para tentar manter seus privilégios. Para esses quero dizer o seguinte: dentro da lei, tudo. Fora da lei, nada. Nessa nova Argentina não há lugar para os violentos”, declarou.
O novo presidente também fez questão de apontar que irá tomar medidas econômicas drásticas. No entanto, ele não disse quando deve colocar em marcha o plano de dolarizar a economia.
“A situação é critica e as medidas são drásticas. Não há lugar para gradualismo ou meias-tintas. Se não avançamos rápido, iremos nos dirigir à pior crise da nossa história. Temos problemas monumentais pela frente: a inflação, o estancamento, a falta de empregos genuínos, a insegurança, a pobreza e a indigência. Problemas que só têm solução se abraçarmos as ideias da liberdade e se trabalharmos juntos”, disse.
O presidente eleito tratou ainda de falar à comunidade internacional. Durante a campanha, ele havia dito que não manteria relações com países governados pela esquerda. Hoje, tentou reiterar os princípios que norteiam as relações entre nações:
“A todos que nos olham de fora, quero dizer que a Argentina vai voltar a ocupar o lugar que não deveria ter deixado no mundo. Nosso compromisso é com a democracia, com o comércio livre e com a paz”.
Durante o discurso, a plateia o interrompeu para aplaudir e para gritar palavras de ordem. “Peruca presidente!” foi uma das mais cantadas.
Ao final, Milei lançou seu slogan preferido. “Viva la libertad, carajo!”. A claque respondeu em uníssono: “Viva!”.