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Fim da era Castro: Miguel Díaz-Canel é o novo líder de Cuba

O ex-vice-presidente do Conselho de Estado foi escolhido pela Assembleia Nacional para suceder Raúl Castro, no poder há mais de 10 anos

Por Da redação
Atualizado em 19 abr 2018, 13h33 - Publicado em 19 abr 2018, 10h46
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  • O engenheiro Miguel Díaz-Canel, de 57 anos, foi escolhido nesta quinta-feira pela Assembleia Nacional como o novo presidente de Cuba e sucessor de Raúl Castro.  Segundo veículos de imprensa oficiais cubanos, ele foi ratificado com 99,83% – recebeu 603 dos 604 votos possíveis na sessão -, tornando-se assim o primeiro político, fora da família Castro, a comandar o país em quase 60 anos. Díaz-Canel sempre teve a simpatia de todas as alas do Partido Comunista Cubano. O fato de não trazer um Castro no sobrenome desidrata a suspeita de que a família transformou a ilha em uma ditadura hereditária. Político, ele também não fez parte de nenhuma fileira militar, mas é visto como um homem leal ao chefe Raúl Castro, que deixa o posto depois de dez anos. 

    Em seu discurso de posse, Díaz-Canel reforçou os ideais da Revolução Cubana e afirmou que manterá a política externa que vinha sendo feita. “Em tal contexto, ratifico que a política externa cubana se manterá inalterável e reiteramos que ninguém alcançará o propósito de enfraquecer a Revolução, nem de fazer o povo cubano se curvar, porque Cuba não faz concessões contra sua soberania e independência”, afirmou.

    O novo governante não mencionou explicitamente os Estados Unidos, com quem Cuba vive um novo momento de tensão política após o “degelo” diplomático iniciado há três anos. No entanto, insistiu que o país “jamais cederá a pressões e ameaças”.

    “As mudanças que forem necessárias, serão decididas soberanamente pelo povo cubano”, ressaltou Díaz-Canel, em referência velada às duras críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e às tentativas de Washington de desestabilizar e propiciar uma mudança de regime político em Cuba.

    Ele também homenageou Raúl Castro: “Raúl é o melhor discípulo de Fidel. Cuba precisa dele, orientando e alertando sobre qualquer erro e deficiência. Ensinando e sempre pronto para enfrentar o imperialismo diante de qualquer tentativa de agressão ao país como o primeiro, com seu fuzil na hora do combate”.

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    Díaz-Canel é engenheiro eletrônico, funcionário do Partido Comunista de Cuba desde sua juventude, professor universitário e, desde 1994, primeiro secretário do PCC em sua província natal, Vila Clara. Foi Ministro da Educação de 2009 a 2012 e é o primeiro líder nascido depois do triunfo da Revolução de 1959 a alcançar o cargo de primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, o órgão executivo da ilha, presidido por Raúl Castro.

    Desafios

    A expectativa ao redor do novo presidente, o primeiro que não carrega o sobrenome Castro em quase 60 anos e não é militar, é grande. “Não é um novo rico ou um candidato improvisado”, declarou Raúl no domingo, ao apresentá-lo publicamente ao novo cargo.

    Díaz-Canel terá muito menos poder nas mãos do que Raúl ou Fidel Castro, que comandou o país por quase cinquenta anos, mas enfrentará grandes desafios. A maior preocupação de grande parte dos cubanos é a economia debilitada.

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    O novo líder deverá decidir se seguirá com a promessa de unificação das duas moedas nacionais que circulam no mercado, feita pelo governo anterior. Também deverá lidar com a pressão para acabar com as taxas de câmbio preferenciais para empresas estatais – que são maioria na ilha – e geram distorções na economia.

    Parabéns russo

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou o novo mandatário de Cuba e disse estar confiante em reforçar a cooperação estratégica entre os governos. “O chefe do Estado russo expressou a sua confiança que sob o comando de Díaz-Canel o país continuará avançando rumo aos objetivos proclamados pela Revolução Cubana”, afirma a mensagem de parabenização.

    Putin, que recebeu o então vice-presidente cubano em maio de 2016 em Moscou, se mostrou seguro que Cuba entrará em uma novo etapa de desenvolvimento socioeconômico com Díaz-Canel. “Na Rússia é altamente avaliada a relação com Cuba, que se baseia em sólidas tradições de amizade e respeito mútuo”, indica o comunicado.

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    As relações entre Kremlin e Cuba esfriaram com ascensão de Mikhail Gorbachev em 1985 e o lançamento da Perestroika, processo muito criticado por Fidel Castro, e entraram finalmente em crise com a desintegração da União Soviética em 1991.

    Nos últimos anos o líder russo impulsionou uma nova aliança estratégica entre ambos os países e Raúl Castro realizou duas visitas a Moscou, em 2009 e 2012

    (Com AFP e EFE)

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