Mais da metade dos jovens na Venezuela pensa em deixar permanentemente o país em razão da crise econômica e política, aponta uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela empresa americana Gallup. Cerca de 53% das pessoas entre 15 e 29 anos afirma que mudaria para outro país se tivesse a oportunidade – considerando a população total da nação sul-americana, o número cai para 41%.
A taxa é a maior registrada desde 2008, quando a série de levantamentos começou. A empresa afirma que os dados foram coletados entre agosto e novembro de 2017, quando “a violência e a fome dominaram o país” liderado por Nicolás Maduro. “Os moradores [da Venezuela] estão sofrendo e [isso reflete] em suas avaliações de vida, pois perderam o senso de segurança, a fé em seu governo e a capacidade de pagar alimentos e obter cuidados de saúde de qualidade”, escrevem os pesquisadores no relatório.
Os dados apontam que os jovens são os que demonstram maior desejo em deixar o país, tendência que vai diminuindo conforme a idade dos entrevistados avança. Na faixa etária dos 30 aos 44 anos, esse número cai para 44%; na dos 45 aos 54, diminui para 38%; e, entre os maiores de 55, chega aos 22%.
Dos moradores que dizem que gostariam de viver no exterior, 64% afirma que gostaria de viver em algum país vizinho da América Latina. A Colômbia é o mais citado, com um em cada cinco (20%) venezuelanos dizendo que se mudaria para lá entre todas as opções ao redor do globo. Segundo o relatório, só em 2017, funcionários colombianos da imigração contaram mais de 500.000 refugiados venezuelanos que atravessaram a fronteira com o país.
Os Estados Unidos são o segundo destino preferido, com 17% dos entrevistados afirmando que iria para lá. “Para aqueles que buscam se mudar permanentemente para os Estados Unidos, pode ser complicado, por causa das mudanças feitas no processo de pedido de asilo do Serviço de Imigração dos Estados Unidos. Elas podem tornar mais difícil para os venezuelanos buscarem asilo lá”, explica o relatório.
“Com o presidente Nicolás Maduro tentando a candidatura à reeleição nesta primavera, uma mudança de liderança poderia levar muitos venezuelanos a reconsiderar a potencial ideia de mudar [de país]”, conclui o documento.