Entre as 157 pessoas que morreram neste domingo, 10, no acidente aéreo do Boeing 737-8 Max da Ethiopian Airlines estão funcionários da ONU, de organizações humanitárias e turistas de 35 nacionalidades.
O avião saiu de Adis Abeba, na Etiópia, com destino a Nairóbi, no Quênia. A aeronave caiu perto da cidade de Bishoftu, pouco depois de decolar.
Entre as vítimas confirmadas até agora estão 32 cidadãos quenianos, 18 canadenses, nove etíopes, oito americanos, oito chineses, sete britânicos, sete franceses, cinco alemães, quatro indianos, dois espanhóis, dois marroquinos, dois israelenses, um nepalês, um iemenita e um nigeriano, entre outros.
Segundo o diretor da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas, Antonio Vitorino, ao menos dezenove membros de organizações afiliadas à ONU morreram. “A tragédia afeta profundamente toda a família” da organização, afirmou em comunicado.
Alguns deles iam a Nairóbi para participar nesta segunda-feira, 11, da IV Assembleia da ONU para o Meio ambiente (UNEA-4), onde mais de 5.000 representantes de 193 países, inclusive chefes de Estado e ministros, tentarão traçar a rota para uma economia mais sustentável.
Além da OIM, o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a União Internacional de Telecomunicações (UIT), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Banco Mundial e a Unesco também perderam funcionários.
Estabelecer o número exato de funcionários da ONU no voo é difícil, uma vez que nem todos informaram à organização seu plano de viagem, e nem todos usaram o passaporte diplomático para viajar, explicou uma fonte da organização.
Um comunicado de condolências enviado ontem pela Organização Internacional de Migração (OIM) calculou as vítimas com ligações com a ONU em pelo menos 19. Já na UNEA-4, foi informado que 22 funcionários de diferentes agências estavam entre os mortos.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse estar “profundamente entristecido com a perda trágica de vidas”, e enviou condolências à Etiópia e a parentes das vítimas. A equipe da ONUem Genebra homenageou nesta segunda-feira com um minuto de silêncio os 157 mortos.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) confirmou a morte de sete de seus funcionários, entre eles o irlandês Michael Ryan.
A sede queniana da Unesco lamentou pelo Twitter o falecimento do jornalista e vice-diretor da área de comunicação, Tony Ngare.
O diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Manuel Barange, prestou homenagem a sua colega britânica Joanna Toole, que viajava para representar o órgão na UNEA-4.
A especialista em turismo polar Sarah Auffret, de nacionalidades britânica e francesa, também participaria da conferência em Nairóbi. Ela deveria dar uma palestra sobre o impacto do plástico na poluição dos oceanos.
A ativista canadense Danielle Moore também estava a caminho do evento.
O ministério de Relações Exteriores da Nigéria confirmou que Abiodun Oluremi Bashua, ex-embaixador do país, também estava no voo.
O prefeito da cidade italiana de Bérgamo, Giorgio Gori, informou hoje em sua conta no Facebook a morte de três membros da ONG local Africa Tremila, que viajavam ao Sudão do Sul.
O parlamentar do Partido Nacional Eslovaco, Anton Hrnko, afirmou “com profundo pesar” que sua esposa e seus dois filhos estão entre os 157 mortos deste acidente.
No Quênia, o presidente da Federação de Futebol do país, Nick Mwendwa, expressou via Twitter que se trata de um “dia triste para o futebol”, e confirmou a morte do ex-secretário-geral da entidade, Hussein Swaleh.
A Cruz Vermelha da Noruega também informou a morte da coordenadora do Programa Financeiro da ONG, Karoline Aadland, de 28 anos.
O comandante do voo, Yared Mulugeta Gatechew, era o principal piloto da Ethiopian Airlines. De origens queniana e etíope, ele trabalhava na companhia desde novembro de 2007 e tinha mais de 8.000 horas de voo.
Ainda não está claro o que causou o acidente do Boeing 737-8 MAX, que caiu 42 quilômetros ao sudeste de Adis Abeba, apenas seis minutos depois da decolagem. A Ethiopian Airlines revelou que o piloto informou “dificuldades” e pediu permissão para retornar ao aeroporto da capital etíope, o que lhe foi concedido.
A página de rastreamento de tráfego aéreo em tempo real Flightradar24 detalhou em mensagem no Twitter que a aeronave se deslocou a “uma velocidade vertical instável” após decolar.
Após o acidente, os órgãos de aviação da China, Indonésia e Ilhas Cayman decidiram suspender o uso dos aviões Boeing 737 Max 8.
O modelo é o mesmo que caiu na Indonésia em 29 outubro do ano passado, deixando 189 mortos. A aeronave pertencia à companhia Lion Air e tinha três meses de uso — a investigação ainda não chegou a uma conclusão sobre a causa da tragédia.
(Com EFE e AFP)