A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou nesta terça-feira, 26, que no caso de uma nova rejeição do Parlamento britânico ao seu acordo para a saída da União Europeia, ela permitirá que os legisladores votem as alternativas de um Brexit sem acordo ou de um possível adiamento da retirada. A nova votação está prevista para o dia 12 de março.
May propõe que, caso seja derrotada, o plano do Brexit sem acordo seja votado no dia 13 de março. Se este plano também não for aprovado, o governo britânico colocaria em votação uma proposta de adiamento da retirada do bloco econômico já em 14 de março, afirmou a premiê.
Em discurso no Parlamento, ela disse que teve conversas produtivas sobre o Brexit com autoridades da União Europeia na semana passada e que pretende propor alterações para o chamado backstop, como é conhecido o mecanismo que seria utilizado para evitar uma fronteira hostil entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido. Com a cláusula atual, o território britânico permaneceria sob controle das regras aduaneiras do bloco econômico, o que desagrada a bancada pró-Brexit.
Embora líderes da União Europeia tenham declarado que não estão abertos a mais negociações em torno do acordo de May, discutido por 17 meses, a primeira-ministra afirmou que “não é verdade” que não existe mais a possibilidade de mudanças. Ela garantiu que quaisquer alterações no backstop acordadas com o bloco serão apresentadas aos legisladores antes da votação do dia 12 de março.
A líder britânica ainda ressaltou adiou a data inicial prevista para a votação do acordo, quarta-feira, 27, para permitir a continuidade das negociações de Londres com a União Europeia. No caso de sucessivas derrotas e um eventual adiamento do Brexit, que está marcado para 29 de março, May afirmou que a postergação seria breve e ocorreria uma única vez. Mas ela deixou claro que não considerá a possibilidade benéfica para a evolução do acordo.
Na segunda-feira 25, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, demonstrou seu apoio ao adiamento do Brexit, que afirmou ser a decisão “mais racional.”
O porta-voz da primeira-ministra se recusou a falar se o governo apoiaria a possível prorrogação para o Brexit, prevista no Artigo 50 do Tratado de Lisboa. “Questões sobre o caminho dos votos dos parlamentares são para outro dia”, afirmou Downing Street, mantendo o foco na iminente votação do acordo de May.
Ainda nesta terça, ela não deixou de criticar o Partido Trabalhista, principal força da oposição, por apoiar a opção de um segundo plebiscito sobre o Brexit e reiterou que seu governo pretende honrar o resultado da votação popular de junho de 2016, que foi a favor da retirada do Reino Unido da União Europeia.
(com Estadão Conteúdo)