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Manifestantes vão às ruas contra o presidente interino da Argélia

Abdelkader Bensalah desagradou os argelinos reformistas, que o consideram seguidor do regime ditatorial de Bouteflika

Por Da Redação
9 abr 2019, 17h56
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  • Milhares de manifestantes foram às ruas de Argel, na Argélia, nesta terça-feira, 9, contra a nomeação do presidente interino, Abdelkader Bensalah, pelo Parlamento. os protestos se dão uma semana depois da renúncia do ditador Abdelaziz Bouteflika, um dos raros líderes a passar incólume pela Primavera Árabe, em 2011.

    Bensalah preside o Conselho da Nação, a Câmara Alta do Parlamento argelino, e deverá ficar por 90 dias no cargo, no máximo, segundo a Constituição do país. Neste período, deve convocar e organizar as eleições presidenciais, nas quais não poderá se candidatar.

    “Eu vou trabalhar para concretizar os interesses do povo”, declarou Bensalah aos demais parlamentares. “Esta é uma grande responsabilidade que me é atribuída pela lei.”

    Apesar da decisão seguir os protocolos constitucionais, os argelinos continuam a pedir a extinção do “sistema” Bouteflika de governanças militares. O presidente interino fez carreira ao longo do regime ditatorial. Aos 77 anos, ele está há 17 como chefe na Câmara Alta e já foi deputado, embaixador, alto funcionário ministerial e senador antes de presidir simultaneamente as duas Câmaras do Parlamento.
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    Os partidos de oposição, em apoio às reivindicações populares, boicotaram a reunião no Parlamento na qual o nome de Bensalah foi escolhido. O presidente interino ignorou seus críticos e, em discurso, agradeceu e exaltou a atuação das Forças Armadas, corroborando para sua imagem alinhada à do antigo líder. “Agradeço ao Exército e a todas as forças de segurança por seu trabalho”, disse.

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    Os argelinos exigem uma mudança política radical, depois de duas décadas de domínio de Bouteflika. Desde 2013, quando sofreu um derrame cerebral, ele governava por intermédio de seus aliados, não mais discursava, se locomovia em uma cadeira de rodas empurrada por seu irmão Said e fazia raras aparições públicas.

    No último dia 11 de março, depois de semanas de protestos, o ditador anunciou que não se candidataria a um quinto mandato. Ele também decretou o adiamento das eleições presidenciais previstas para 18 de abril – e ainda sem data definida – e a abertura de um período de transição para escolher seu substituto nas urnas.

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    Ainda no final de março, o líder concordou em renunciar até o dia 28 de abril. Mas o chefe das Forças Armadas interveio, afirmando que “não havia mais tempo a perder”, já que os problemas de saúde do presidente o tornavam inapto a governar. 

    O vice-ministro da Defesa, Ahmed Gaid Salah, administrou cuidadosamente a saída de Bouteflika e expressou apoio aos manifestantes, que querem se livrar de todos os resquícios de um sistema que privilegiou figuras do partido governista, do Exército, grandes empresários e líderes sindicais que ajudaram o ditador a permanecer no poder. Na segunda-feira, 8, o primeiro-ministro argelino, Ahmed Ouyahia, também anunciou sua renúncia.

    (Com Reuters)

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