Centenas de pessoas foram às ruas protestas contra o governo do Irã neste sábado (11), depois de o Estado-Maior das Forças Armadas iranianas admitir ter disparado o míssil que derrubou o avião Boeing 737 da Ukrainian Airlines. Ao todo, 176 pessoas morreram na queda da aeronave, incluindo passageiros iranianos, canadenses, ucranianos, britânicos e suecos.
Os manifestantes se reuniram inicialmente em frente à Universidade de Tecnologia Amir Kabir para acender velas em homenagem aos mortos, entre eles muitos estudantes. Mas após o anúncio de que o disparo do míssil foi feito pelos sistemas de defesa aérea iranianos, o protesto ganhou contornos políticos.
Gritos pedindo pela renúncia e julgamento dos responsáveis ecoavam na capital iraniana. Mas era possível também ouvir manifestantes dizendo “morte ao ditador”, em alusão ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei, além de pedidos de referendo no país.
Um grande esquema de segurança começou a ser montado em torno da universidade, assim como em outras áreas do centro de Teerã.
A Guarda Revolucionária do Irã assumiu a responsabilidade e explicou que o operador do sistema de defesa aérea confundiu o dispositivo com “um míssil de cruzeiro”, pois estava em alerta para um possível ataque dos EUA.
Amirali Hajizadeh, chefe da divisão aeroespacial da Guarda, afirmou que soube que um míssil tinha derrubado o avião ucraniano no mesmo dia do incidente e que assumia “total responsabilidade” por ele. “Eu gostaria de poder morrer e não testemunhar um acidente assim”, disse Hajizadeh à televisão estatal iraniana.
O Estado-Maior do Irã garantiu à população que o “responsável” pela tragédia será levado imediatamente à Corte Marcial e que o fato não se repetirá. “Garantimos que com as reformas fundamentais nos processos operacionais das Forças Armadas tornaremos impossível a repetição de erro semelhante”, diz o comunicado.
O chefe militar disse ainda que a força liderada por ele agiu por engano diante de um alerta para “guerra total”. “Naquela noite, estávamos preparados para uma guerra total”, afirmou, acrescentando que as unidades de defesa aérea estavam em alerta máximo e que uma camada extra de defesas havia sido instalada em Teerã.
O avião caiu pouco depois que o Irã lançou ataques com mísseis contra alvos dos Estados Unidos no Iraque em retaliação pelo assassinato de Qasem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda, pelos EUA no Iraque. O Irã esperava represálias dos EUA.