O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse nesta terça-feira, 4, que as Forças Armadas do país já alistaram 200.000 dos 300.000 reservistas previstos pela mobilização parcial para lutar na guerra da Ucrânia. Shoigu afirmou que os militares estão sendo treinados para todo o tipo de guerra, inclusive nuclear.
Em evento realizado em Moscou, o ministro da Defesa russo indicou que os treinos abarcam situações de guerra nuclear, química e biológica, e que as unidades estão distribuídas entre 80 campos e seis centros de treinamento desde 21 de setembro.
Apesar das ameaças recentes do presidente russo, Vladimir Putin, sobre recorrer a armas nucleares, o Kremlin voltou atrás e adotou um tom moderado, dizendo que decisões desse tipo não devem ser tomadas no calor do momento. Países ocidentais, no entanto, temem que o presidente russo não esteja blefando.
+ ‘Não acho que Putin esteja blefando’, diz Zelensky sobre armas nucleares
Nesta terça, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que as ameaças de Putin devem ser levadas a sério e que “não é a primeira vez que ele recorre a elas”. O mesmo pensamento é compartilhado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse na última segunda-feira 26 que o líder russo não está blefando.
De acordo com informações divulgadas pelo Pentágono, não há sinais de movimentações que indiquem o uso de qualquer armamento nuclear por parte da Rússia: monitoramentos e relatórios de espiões não apontaram nada fora do comum. No entanto, as armas táticas – cujo uso foi sugerido pelo líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, que pede medidas drásticas do Kremlin – podem ser pequenas e de fácil transporte, o que dificulta o rastreio.
+ Zelensky assina decreto que exclui qualquer negociação com Putin
A mobilização do Kremlin, com objetivo de dar novo gás à guerra na Ucrânia, tem gerado polêmica. Muitos russos estão fugindo às pressas do país às pressas para escapar da convocação e uma onda de protestos contra a escalada do conflito se espalhou por todo o território russo.
Além disso, há relatos de que homens sem experiência militar, idosos e deficientes físicos estavam entre os nomes convocados, o que aumentou a indignação da população. Na última semana, o presidente Vladimir Putin reconheceu que erros aconteceram e disse que iria trabalhar para corrigi-los nos próximos dias.
Os problemas na mobilização aliados às frequentes derrotas na Ucrânia tem levantado críticas ao Exército russo, principalmente por parte de grupos conservadores pró-Rússia. Na última segunda-feira 3, o aliado checheno Kadyrov condenou o alto escalão militar russo.
Outro fator que preocupa a comunidade internacional é a anexação das regiões de Kherson, Zaporizhzhia e das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk. Em referendos que violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, o Kremlin anunciou que essas quatro áreas passarão a fazer parte da Federação Russa, embora não tenha controle absoluto sobre nenhuma delas.
+ Rússia perde controle total das quatro regiões ucranianas anexadas
Caso a anexação avance, a Rússia poderá utilizar a sua própria legislação para usar armamento nuclear nessas regiões. De acordo com a lei russa, o país pode utilizar mísseis balísticos para se defender de ataques inimigos realizados contra qualquer território nacional.