Itália, Espanha, Suécia e Dinamarca se juntaram nesta terça-feira, 5, a outros países da União Europeia que decidiram expulsar diplomatas da Rússia de seus territórios. Mais de 120 profissionais de embaixadas russas foram mandados embora nas últimas 48 horas, elevando a 230 o número de diplomatas expulsos desde o início da guerra na Ucrânia.
Os anúncios seguem a repercussão de assassinatos na cidade de Bucha, perto de Kiev. A Procuradoria Geral da Ucrânia divulgou no domingo que 410 corpos foram encontrados nas ruas do subúrbio, após a retirada das tropas de Moscou. Segundo o governo ucraniano e de acordo com imagens difundidas por veículos internacionais, os corpos apresentavam sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.
“Expulsamos 30 diplomatas russos por razões de segurança nacional”, disse Luigi Di Maio, ministro das Relações Exteriores da Itália, em entrevista à rede Rai.
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Em declaração semelhante, o ministro das Relações Exteriores espanhol, Jose Manuel Albares, mandou embora de Madri 25 russos. Segundo ele, os diplomatas envolvidos “representam uma ameaça aos interesses e à segurança” da Espanha.
Na Dinamarca, a sanção atingiu 15 representantes de Moscou. Em pronunciamento, o chanceler dinamarquês, Jeppe Kofod, classificou os acontecimentos em Bucha como “outro exemplo de brutalidade, crueldade e crimes de guerra” e justificou a expulsão como “um sinal claro para a Rússia de que espionagem em solo dinamarquês é inaceitável”.
A suspeita de espionagem também foi apontada como razão para expulsão de três diplomatas russos na Suécia. Segundo a ministra das Relações Exteriores sueca, Ann Linde, os alvos da medida “estavam conduzindo operações ilegais de inteligência”. A política também condenou os assassinatos na cidade ucraniana como “brutalidade da Rússia contra civis”.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu as expulsões de diplomatas dos países europeus como lamentáveis, e disse que, inevitavelmente, elas levarão a respostas recíprocas de Moscou.
O governo russo nega categoricamente a participação de seus militares em crimes contra civis na região. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou os Estados Unidos de encomendarem as mortes para culpar os russos.
A Rússia sustenta que, em 31 de março, o prefeito de Bucha confirmou, em mensagem de vídeo, que já não havia soldados russos na cidade, “mas, não mencionou em nenhum momento, que havia moradores locais baleados nas ruas com as mãos amarradas”.