O presidente francês, Emmanuel Macron, irá à China na próxima semana para uma rara visita à potência asiática. A visita vai ocorrer em um momento em que o mandatário tenta equilibrar suas ambições como estadista global e conter intensos protestos contra a reforma previdenciária na França.
De acordo com autoridades ouvidas pela agência de notícias Reuters, o líder francês tem o objetivo e deixar claro para o presidente chinês, Xi Jinping, que a Europa não aceitará que a China forneça armas à Rússia. No início deste mês, Xi foi recebido no Kremlin por Vladimir Putin.
Para distanciar Pequim e Moscou, analistas dizem que Macron pode utilizar a decisão de Putin de de posicionar armas nucleares em Belarus, visto que a posição chinesa é contra a proliferação nuclear.
“Nossa mensagem será clara: pode haver uma tentação de se aproximar da Rússia, mas não ultrapasse essa linha”, disse um diplomata francês à Reuters.
No entanto, um diplomata de Bruxelas disse que muitos na Europa duvidam que ele possa ter sucesso em seu objetivo de pressionar a China a pressionar Moscou para acabar com a guerra. “Muitos em Bruxelas reviram os olhos quando você menciona isso”, reconheceu.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que acompanhará Macron em Pequim, disse que o bloco está tentando diminuir os riscos econômicos e diplomáticos em um momento em que a China tem cada vez mais controle sobre as empresas. Os problemas na relação entre Washington e Pequim dá à Europa um pouco mais de influência.
“Macron pode transmitir uma mensagem de que a Europa quer se envolver com a China, mas que será difícil se a China continuar no caminho que está seguindo atualmente com a Rússia”, disse Noah Barkin, analista do Rhodium Group, à Reuters.
Ao mesmo tempo, os assuntos internos da França também são um preocupação dos analistas. A decisão de aumentar em dois anos a idade mínima para se aposentar no país é extremamente impopular e está causando uma série de protestos entre a população.
O caos nas ruas francesas, onde pilhas de lixo sendo queimadas viraram uma cena frequente, já fez com que o rei Charles III, do Reino Unido, cancelasse a sua viagem ao país, um constrangimento dentro de círculos diplomáticos.
Alguns diplomatas, no entanto, minimizam o impacto que protestos domésticos podem ter na credibilidade de Macron no exterior, apontando que Xi enfrentou seus próprios protestos no final do ano passado.
“Os chineses desempenharão um bom papel de equilíbrio. Eles precisam de um bom relacionamento com a Europa, então não vão querer brincar com os problemas internos de Macron”, disse um diplomata francês à Reuters.