O presidente da França, Emmanuel Macron, aceitou nesta terça-feira, 16, o pedido de renúncia do primeiro-ministro Gabriel Attal, pouco mais de uma semana depois de ter negado sua demissão para “garantir a estabilidade” enquanto um novo governo não era formado. Attal, no entanto, permanecerá como interino até que o seu sucessor, ainda não nomeado, assuma o gabinete. Com isso, o político de 35 anos será encarregado apenas de responder a emergências, sem ter autorização para promulgar quaisquer reformas legislativas.
“Para que este período (de incerteza) termine o mais rápido possível, cabe às forças republicanas trabalharem juntas para construir a unidade em torno de projetos e ações a serviço do povo francês”, disse o Palácio do Eliseu em um comunicado.
O anúncio ocorre após a derrota da coalizão governista, Juntos, e a consequente perda da maioria na Assembleia Nacional nas eleições legislativas, em 7 de julho. Em uma reviravolta, a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) saiu vitoriosa do pleito, com 182 assentos. O número, embora impressionante, não foi suficiente para compor maioria (289), tornando necessário um acordo com outra ala política.
O Juntos ficou em segundo lugar, com 168 cadeiras, seguido pelo partido ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN), que havia liderado o primeiro turno, com 143 parlamentares eleitos.
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Futuro incerto
Na última quarta-feira, Macron apelou aos principais partidos do país para formarem uma coalizão “sólida” e “plural” no Parlamento, em carta divulgada no jornal diário Le Parisien. No texto, ele não mencionou pelo nome o RN nem a NPF, que também é composta de partidos de esquerda radical, como a França Insubmissa. Mas, ao citar “valores republicanos”, ele teria como objetivo excluir os extremos de cada espectro político, de forma a colocar o governo nas mãos de partidos centristas e moderados do NFP, como é o caso dos Socialistas e Verdes.
Em resposta, a líder sindical da Confederação Geral do Trabalho da França (CGT), Sophie Binet, sugeriu que pode haver protestos em Paris durante os Jogos Olímpicos, que ocorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, caso o presidente francês não permita que a coligação de esquerda preencha o vácuo de poder. Mesmo frente à ameaça, segundo a Constituição francesa, Macron não precisa atender a um prazo estipulado para nomear o primeiro-ministro.
Em paralelo, os legisladores franceses se reunirão nesta quinta-feira, 18, para eleger o presidente da Assembleia Nacional, em duas sessões. Os encontros exigem a presença da maioria do corpo de 577 assentos. Caso haja um impasse, o candidato com o maior apoio no Parlamento será submetido a uma terceira votação. O novo líder será responsável por organizar a agenda legislativa e orientar a nomeação de cargos-chave.