Lula terá reunião em Bruxelas com representantes de Maduro e da oposição
Reunião confirmada a VEJA por fontes do governo também terá presença do presidente da França, Emmanuel Macron, e da Colômbia, Gustavo Petro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá nesta segunda-feira, 17, com nomes do governo e da oposição da Venezuela em Bruxelas, confirmaram fontes do governo brasileiro a VEJA. A reunião, às margens da cúpula de chefes de Estado da União Europeia e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), também terá presença do presidente da França, Emmanuel Macron, e da Colômbia, Gustavo Petro.
Ausente na cúpula, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, será representado por sua vice, Delcy Rodríguez. O principal assunto do encontro será o processo eleitoral do país, que tem eleições presidenciais marcadas para o ano que vem.
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Na semana passada, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, informou que observadores da União Europeia não serão permitidos durante a eleição presidencial de 2024. O bloco levantou questionamentos sobre o processo eleitoral venezuelano após a candidatura de María Corina Machado, líder da oposição, ter sido vetada em junho, sendo seguida por uma proibição de ocupar cargos públicos nos próximos 15 anos.
Segundo uma fonte ligada ao encontro, o governo brasileiro não é um dos organizadores, e participa apenas como convidado. A reunião, que não estava na agenda oficial, foi adiantada pelo jornal O Globo e confirmada por VEJA.
Pouco antes de sua posse, o Lula enviou uma carta ao líder venezuelano dizendo que gostaria de estreitar a relação com Caracas logo no início de seu mandato. Em maio, Maduro viajou a Brasília para uma reunião bilateral e para a cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que reuniu todos os líderes da América do Sul.
A visita de Maduro faz parte das tentativas do petista de reinseri-lo no diálogo regional. A posição do governo em relação à Venezuela vem sendo reforçada pelo ministro das Relações Exteriores. Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, Mauro Vieira afirmou que não há como deixar de conversar com Caracas.
“A Venezuela não só é um país vital por deter as maiores reservas de petróleo do mundo, como tem uma fronteira de 2 000 quilômetros com o Brasil, na delicada região da Amazônia”, disse. “Precisamos considerar nossos interesses. Podemos fazer críticas, mas não vamos fechar embaixadas”.
Alvo de críticas dos presidentes do Uruguai e do Chile por distorcer fatos sobre o regime de Maduro na Venezuela, Lula recentemente voltou a citar a tese segundo a qual o ditador venezuelano é alvo de “narrativas” que tentam prejudicar sua administração democrática no país vizinho.
O posicionamento brasileiro foi criticado também pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW). “O presidente Lula deveria aproveitar todas as oportunidades para restaurar a liderança que seus comentários imprudentes minaram e cumprir sua promessa de ser um líder na defesa e promoção dos direitos humanos em todo o mundo”, disse a ONG.