Lula desembarca na Arábia Saudita em busca de parceria bilionária
Sauditas podem incrementar investimentos no Brasil na ordem dos US$ 10 bilhões, segundo o Itamaraty, enquanto petista busca influência no Oriente Médio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou, nesta terça-feira, 28, na Arábia Saudita, para reunião com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que cumpre as funções de chefe de Estado. Lula também se encontrará com empresários brasileiros e sauditas na capital Riade, no início de uma turnê de viagens que também abrangerá Catar, Emirados Árabes e Alemanha.
“Vamos apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e de parceria entre nossos países nos setores de energia, agricultura e também na indústria. Também vamos apresentar os projetos do Novo PAC para investimentos em infraestrutura”, escreveu Lula em publicação no X, antigo Twitter, ao desembarcar no país.
Bom dia. Chegando na Arábia Saudita, nosso primeiro destino nesta visita ao Oriente Médio, para reuniões com o chefe de Estado e de empresários brasileiros e sauditas. Vamos apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e de parceria entre nossos… pic.twitter.com/kNAnFZCuN5
— Lula (@LulaOficial) November 28, 2023
O Novo PAC é um programa de investimentos coordenado pelo governo federal, em parceria com o setor privado, estados, municípios e movimentos sociais. O giro pelos países do Golfo Pérsico, últimas viagens internacionais do ano e as primeiras após sua cirurgia no quadril, tem como um dos principais objetivos atrair aportes para a iniciativa.
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A agenda com o príncipe herdeiro, antes um pária acusado de ter assassinado o jornalista Jamal Khashoggi e agora reabilitado pela importância geopolítica de seu país, ocorre na tarde desta terça. Além de uma reunião ampliada com a participação da comitiva brasileira, haverá um encontro privado entre os dois líderes. Para este último ciclo de viagens, Lula levará vários ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Nísia Trindade (Saúde) e Rui Costa (Casa Civil).
Na quarta-feira, 29, Lula comparecerá a dois eventos empresariais. Um promove produtos da empresa brasileira Embraer e outro, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
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A expectativa é de que os sauditas possam realizar incremento dos investimentos no Brasil na ordem dos US$ 10 bilhões (R$ 49 bilhões) nos próximos anos, parte dos quais já vêm sendo direcionados de Riade a Brasília, segundo o Itamaraty.
A aproximação com o mundo árabe é vista pelo governo como essencial, porque são países com recursos para investir em mais comércio e investimentos no Brasil, além de serem atores de grande importância geopolítica em questões envolvendo o Oriente Médio. Em 2022, o comércio bilateral com os árabes foi de US$ 32 bilhões (R$ 157 bilhões) e, deste total, US$ 8 bilhões (quase R$ 40 bilhões) foram com a Arábia Saudita. Os países do Golfo Pérsico (Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) são mercados relevantes para as exportações brasileiras, com ênfase para produtos agrícolas e commodities minerais.
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Após os eventos na capital saudita, Lula segue para Doha, no Catar, onde também aproveitará o contato com lideranças políticas e empresariais para aprofundar e diversificar a relação bilateral. Além disso, o presidente também deve tratar da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, que controla da Faixa de Gaza. O Catar é um dos principais mediadores para negociações em relação ao conflito.
Na quinta-feira, 30, a comitiva presidencial desembarca em Dubai, nos Emirados Árabes, para participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28). O evento pretende fazer um balanço da implementação do Acordo de Paris, assinado na COP 21, em 2015, que estabeleceu uma meta coletiva para que o mundo mantivesse o aquecimento global no máximo 2ºC maior que os níveis pré-Revolução Industrial.
Da parte do Brasil, haverá uma delegação de cerca de 400 pessoas do governo na COP28, além de 2 mil inscritos que fazem parte da sociedade civil.
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Embora a conferência do clima só termine no dia 12 de dezembro, Lula deve deixar os Emirados Árabes no dia 2 de dezembro. Do Oriente Médio, o presidente e parte de sua comitiva viajarão à Alemanha, onde Lula se reunirá com o presidente Frank-Walter Steinmeier e com o primeiro-ministro Olaf Scholz.
A Alemanha é um dos países que defendem a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia e a oitava maior fonte de investimentos no Brasil. De acordo com fontes da diplomacia brasileira ouvidas por VEJA, o objetivo do governo Lula é anunciar a assinatura do pacto comercial no dia 7 de dezembro, durante a cúpula de chefes de Estado do Mercosul no Rio de Janeiro.