A princesa Leonor, herdeira do trono da Espanha, completou 18 anos nesta terça-feira, 31, em uma cerimônia pomposa em que jurou lealdade à Constituição do país. A sucessora à coroa, desde que o rei Felipe VI não tenha filhos homens, tem chamado a atenção dos holofotes de todo o mundo e inspirou um fenômeno curioso: a “Leonormania”, um boom de popularidade inspirado pelo seu carisma.
Em maio, ela se formou no UWC Atlantic, um internato no Vale of Glamorgan, no País de Gales. Na ocasião, seu tutor exaltou sua “paixão inabalável pela aprendizagem, pela compreensão das pessoas e pela exploração de diversas perspectivas”. Em agosto, ela iniciou os três anos do curso de oficial militar.
A princesa prometeu cumprir a lei e respeitar os direitos dos cidadãos, bem como prestar lealdade ao rei. A maioria dos ministros e líderes regionais testemunharam sua caminhada no Parlamento, enquanto e evento repleto de música era transmitido ao vivo pela televisão.
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Uma recepção no Palácio Real de Madrid e uma reunião familiar no palácio El Pardo também estão previstas para celebrar a chegada à maioridade. Para completar as festividades, a realeza divulgou um conjunto de fotos inéditas de Leonor, incluindo uma do seu primeiro dia de aula e outra em que segura a taça da Copa do Mundo de 2010, ano em que a seleção masculina espanhola venceu o torneio.
A sua ascensão, no entanto, é fortemente condenada pela esquerda, que nega o sangue azul como caminho para conquistar o poder. A oposição, então, considera a princesa como uma autoridade antidemocrática. As críticas não param por aí: os críticos alegam que a popularidade da jovem loira e de olhos azuis teria sido resultado da construção de anos de sua imagem pública como forma de restaurar o renome da coroa, fragilizada pela série de escândalos do rei emérito Juan Carlos, seu avô.
A caça aos elefantes, o esconderijo secreto de dinheiro na Suíça e o processo de assédio movido pela sua ex-amante Corinna Larsen contra Juan Carlos levaram a popularidade de mal a pior. Um levantamento divulgado nesta semana pelo jornal El Español mostra, contudo, o poder de influência da futura monarca e a classifica como membro mais popular da família real.
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“A família real acertou no timing. Enquanto estudava, a princesa mostrou-se muito reservada nas suas aparições”, disse à emissora Euronews Fernando Rayón, professor de informação política na Universidade CEU San Pablo. “No entanto, depois da academia militar e prestes a completar 18 anos, apareceu uma nova Leonor, mais madura e vestida de soldado. Uma imagem bastante marcante.”
O carisma, a discrição e a prudência somados a organização, representada pelo caderno que leva aos eventos em que participa, a renderam o apreço do público. Além disso, a aparente normalidade encarnada por Leonor permite que o público se relacione com ela, substituindo o afastamento provocado pelas pompas dos antigos monarcas.
Um levantamento publicado na revista espanhola Hola revela que apenas 21% da população considera que a princesa não está apta a cumprir seu papel como chefe de Estado. Em contrapartida, segundo a consultora José Noblejas, foi registrado um aumento de 37% nas pesquisas no Google relacionadas com Leonor, mostrando o interesse do público nacional.
“A imagem que Leonor passa é a de estar onde precisa de estar. Ela não faz declarações, não há imagens gratuitas dela em casa ou em festas. É por isso que as pessoas a veem pelo que ela é: a futura Rainha e Chefe de Estado “, acrescenta Rayón.