A líder de extrema direita francesa, Marine Le Pen, fez nesta segunda-feira, 25, uma nova ameaça de apoiar uma moção de censura para derrubar o governo do primeiro-ministro do país, Michel Barnier, depois que ambos se encontraram para discutir o orçamento de 2025. De centro-direita, Barnier foi escolhido pelo presidente centrista, Emmanuel Macron, para o cargo após uma eleição legislativa em que seu partido perdeu poder e deixou o parlamento dividido.
O encontro com Le Pen foi o primeiro de uma série de reuniões que o primeiro-ministro francês realizará com os chefes dos grupos parlamentares da oposição até quinta-feira, em uma tentativa de aprovar o orçamento do ano que vem.
Após o encontro com Barnier, Le Pen afirmou ter ressaltado as “linhas vermelhas” do seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita. Elas incluem a rejeição ao aumento de impostos sobre eletricidade e o adiamento de reajustes da aposentadoria frente à inflação, mas não se mostrou otimista quanto à possibilidade de se chegar a um acordo sobre o projeto de lei orçamentária de 2025.
“Minha posição não mudou. Não mais, ao que parece, do que o do primeiro-ministro”, declarou ela. “Veremos se as propostas de hoje serão levadas em conta, mas nada é menos certo.”
“Coalizão de opostos”
O risco de que o governo de Barnier possa cair aumentou em meio a especulações de que o premiê possa tentar usar uma cláusula constitucional, conhecida como 49:3, para forçar o orçamento a ser aprovado sem passar por uma votação.
“É uma linha vermelha que se, de fato, for ultrapassada, votaremos pela (moção de) censura. Digo isso da maneira mais clara possível”, ameaçou Le Pen na última quarta-feira.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) também ameaçou apresentar uma moção de censura se Barnier usar a medida para aprovar o orçamento de 2025. Uma decisão final está prevista para 18 de dezembro.
Caso os parlamentares da NFP e do RN votem a favor da moção de censura, o governo de Barnier será derrubado. O primeiro-ministro classificou a aliança entre a esquerda e a extrema direita como uma “coalizão de opostos”. “Sei que isso não é o que os franceses querem. O que eles desejam é estabilidade e serenidade”, afirmou ele na semana passada.
Barnier foi nominado premiê por Macron no início de setembro, quase dois meses após as eleições legislativas que transformaram o parlamento com uma virada histórica da Nova Frente Popular, que venceu o pleito e virou maioria. No entanto, não o grupo que mistura legendas de extrema esquerda e centro-esquerda não obteve o número de assentos necessário para garantir uma maioria absoluta, e o presidente francês optou por escolher um nome que fosse mais “neutro”, alinhado aos seus próprios interesses e que a ultradireita de Le Pen, terceira maior força no parlamento, não barrasse.