A líder de extrema direita da França, Marine Le Pen, propôs nesta segunda-feira, 27, uma aliança com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também ultradireitista, para as eleições do Parlamento Europeu, previstas para 6 a 9 de junho. Um relatório recente do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR) projeta que o pleito que renovará o órgão legislativo da União Europeia será marcado por um “giro acentuado à direita”, com sucesso de partidos populistas “antieuropeus”.
Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, Le Pen afirmou que a parceria com Meloni “seria muito útil”, acrescentando: “Se tivermos sucesso, poderemos ser o segundo (maior) grupo no Parlamento Europeu. Acho que não devemos perder uma oportunidade como esta”.
Racha no espectro
A sugestão ocorre em meio à desordem interna dos partidos ultradireitistas da Europa. Na última quarta-feira 22, Le Pen rompeu com o partido alemão Alternative für Deutschland (AfD) após seu então principal candidato, Maximilian Krah, afirmar que as SS (polícia nazista) “não era totalmente criminosa” — declaração que levou à sua renúncia da corrida. O partido também foi expulso do grupo parlamentar pan-europeu Identidade e Democracia (ID), por “não querer ser associado aos incidentes envolvendo Maximilian Krah”.
Ao se juntar à líder francesa, Meloni colocaria de cabeça para baixo o tabuleiro da extrema direita do Parlamento Europeu. Para tanto, precisaria abandonar o também nacionalista Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), coalizão que inclui o seu partido, Irmãos da Itália, o Lei e Justiça (PiS), da Polônia, e o controverso Vox, da Espanha.
Já coalizão de Le Pen, por sua vez, une os partidos Liberdade Holandês (PVV) e Liberdade da Áustria (FPÖ). Por isso, o desejo da maior rival do presidente francês, Emmanuel Macron, pode ser difícil de realizar, havendo tantos rachas entre os grupos de direita linha-dura.
Contudo, Meloni, peça influente na União Europeia, não descartou a ideia. “O meu principal objetivo é construir uma maioria alternativa àquela que governou nos últimos anos, uma maioria de centro-direita que enviará a esquerda para a oposição”, disse ela.
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‘Acentuado giro à direita’
Em janeiro, um relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), projetou que as eleições para o Parlamento Europeu seriam marcadas por um “giro acentuado à direita”. O documento prevê o sucesso de partidos populistas “antieuropeus”, podendo comprometer o avanço de pautas fundamentais para o bloco, como é o caso da agenda climática.
“As eleições para o Parlamento Europeu de 2024 assistirão a um giro acentuado à direita em muitos países, com os partidos populistas de direita radical ganhando votos e assentos em toda a União Europeia, e os partidos de centro-esquerda e verdes [que defendem a agenda ambiental] perdendo votos e assentos”, explica o texto.
As pesquisas apontam para a vitória de ultradireitistas em nove Estados-membros: Áustria, Bélgica, República Checa, França, Hungria, Itália, Países Baixos, Polônia e Eslováquia. O Conselho estima que esse espectro político também encontre espaço em outras nove nações, mas em segundo ou terceiro lugares. Entre elas estão Bulgária, Estônia, Finlândia, Alemanha, Letônia, Portugal, Romênia, Espanha e Suécia.