A ministra das Relações Exteriores do Kosovo, Donika Gërvalla-Schwarz, acusou a Sérvia nesta terça-feira, 3, de estar por trás de um ataque terrorista em seu país, e fez um apelo à União Europeia e a nações ocidentais para tomarem medidas contra o governo sérvio.
“O que aconteceu no domingo, 24 de setembro de 2023, foi um ato aberto de agressão da Sérvia contra a República do Kosovo”, disse ela em declaração ao jornal britânico The Guardian, acrescentando que o incidente se trata de um “ato terrorista”.
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Nesta data, um grupo de 30 homens fortemente armados abriu fogo contra a polícia do Kosovo na aldeia de Banjska, norte do país, perto da fronteira com a Sérvia. O tiroteio deixou um policial morto e outro ferido. Um suspeito também morreu.
“Não há dois lados nesta escalada [de violência], que é uma ameaça não só para o Kosovo, mas também para toda a região”, afirmou Gërvalla-Schwarz. “O objetivo desta agressão era ocupar o norte do Kosovo e tomar o território, um objetivo pelo qual os funcionários do governo da Sérvia têm trabalhado continuamente, abertamente e em segredo, durante anos”, completou.
Segundo a chanceler, o incidente pede “ações claras” da União Europeia e do Ocidente contra a Sérvia, acusando essas nações de “tolerância” com as agressões do país, que ela comparou à invasão da Ucrânia pela Rússia.
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A liderança da Sérvia negou a responsabilidade pelo tiroteio mortal no norte do Kosovo no mês passado.
Minúsculo país criado a partir de uma intervenção militar da Otan na antiga Iugoslávia em 1999, Kosovo, que na época fazia parte da Sérvia — então uma peça do xadrez iugoslavo — é desde então palco de um conflito latente, que às vezes chega às vias de fato, entre a população de etnia albanesa (92%) e a minoria sérvia fincada em enclaves do norte.
Com o desmantelamento da Iugoslávia em 1990, o Kosovo demandou independência, o que foi recebido com uma repressão brutal contra os albaneses por parte da Sérvia. O conflito terminou com um bombardeio da Otan, em 1999, mas as tensões na região persistem até hoje.
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Em 2008, o Kosovo declarou sua independência unilateralmente. Um total de 99 dos 193 membros das Nações Unidas reconhecem o status do país, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e 22 dos 27 países da União Europeia. Porém, nações como Sérvia, Rússia e China ainda não reconhecem a independência e bloqueiam o país de entrar nas Nações Unidas.
No fim de maio, a eleição de quatro prefeitos “albaneses” em cidades “sérvias” resultou em revolta da população — que boicotou a votação — e ataques que deixaram oitenta feridos, entre eles trinta integrantes da KFOR, a força da Otan que até hoje policia a região.
O Parlamento Europeu vai debater a situação no Kosovo e na Sérvia ainda nesta terça-feira. O posicionamento geral do bloco europeu, contudo, é que ambos os lados têm responsabilidade em garantir o retorno à mesa de negociação.