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Kerry chega ao Sudão do Sul para negociar cessar-fogo

Secretário de Estado dos EUA vai se reunir com presidente sul-sudanês. ONU teme que conflitos transformem o país numa 'nova Ruanda'

Por Da Redação
2 Maio 2014, 09h52

O secretário de Estado americano, John Kerry, chegou nesta sexta-feira ao Sudão do Sul para tentar negociar a adoção imediata de um acordo de cessar-fogo no conflito que atinge há quatro meses o país, também ameaçado pela fome. “O secretário Kerry repetirá a obrigação de respeitar o acordo de cessar-fogo e de parar imediatamente com os ataques contra os civis para todas as partes”, declarou a porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, em um comunicado.

Kerry também pedirá aos combatentes que “cooperem totalmente com as Nações Unidas e as organizações humanitárias para proteger os civis e entregar ajuda vital à população do Sudão do Sul”, acrescentou Jen. Um acordo de cessar-fogo foi assinado em janeiro e não deu resultados – ambas as partes do conflito desrespeitaram o pacto.

Em um contexto de risco de fome e temores de genocídio, os dois grupos presentes, as forças governamentais do presidente Salva Kiir e os rebeldes de seu ex-vice-presidente Riek Machar, foram acusados de múltiplos crimes, como massacres étnicos, estupros ou recrutamento de crianças-soldado. Kerry, que se reunirá com o presidente Kiir, também conversará com os chefes das forças de manutenção de paz da ONU e com líderes da sociedade civil e chefes comunitários.

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Pelo menos um milhão de sul-sudaneses fugiram de seus lares desde o início da guerra. Dezenas de milhares de refugiaram nas bases da ONU em todo o país. Na véspera desta visita a Juba, capital mais jovem do planeta, Kerry já havia alertado para os riscos de genocídio e de fome no país, e ameaçou os líderes de ambos os grupos com sanções.

Sudão do Sul

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Antes de chegar ao Sudão do Sul, o secretário de Estado passou pela Etiópia. Sede da União Africana, a capital etíope Adis Abeba acolhe as negociações entre o governo do presidente sul-sudanês e a rebelião dirigida por seu rival. Na reunião, Kerry e seus colegas discutiram, entre outras medidas, a possibilidade de enviar mais soldados ao país para garantir a manutenção da paz. “Os dois grupos acreditam que podem vencer militarmente, mas não há uma solução militar”, afirmou Kerry. Como consequência disso, Washington “transmitirá mensagens duras às duas partes para informá-las de que elas serão consideradas responsáveis se não tomarem as medidas necessárias para colocar fim às hostilidades”, advertiu.

Já a ONU declarou na quarta-feira que o Sudão do Sul se encontra à beira da catástrofe e mencionou claramente o risco de um genocídio, como o sofrido por Ruanda há 20 anos – quando um violento conflito entre as etnias tutsis e hutus matou quase 1 milhão de pessoas. As “incitações ao ódio” e os massacres “com bases étnicas” no Sudão do Sul geram o temor de que “este conflito provoque uma violência grave que escape de qualquer controle”, afirmou Adama Dieng, conselheiro para a prevenção do genocídio das Nações Unidas. “Devemos garantir que os responsáveis pelos crimes cometidos aqui respondam por eles”, completou. De acordo com Dieng, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está muito preocupado e fará com que “o que aconteceu em Ruanda não se repita nunca em nenhuma outra parte do continente”.

Histórico – Desde a tentativa de golpe no último dia 15, o Sudão do Sul é cenário de conflitos entre militares do governo e grupos rebeldes. Para tentar encerrar a crise, evitando uma guerra civil, vários países tentam fazer o papel de mediação. Além da UE, os Estados Unidos já enviaram representantes ao país. O presidente Salva Kiir é da etnia Dinka, enquanto o ex-vice-presidente Machar é da etnia Nuer. Com isso, em poucos dias, os embates ganharam ares de conflito étnico entre as duas comunidades, com ondas de violência se espalhando para outras regiões do país. Em julho, o presidente Kiir demitiu seu vice e outras figuras de proa de seu governo, em meio a rivalidades entre os dois políticos e dissensões dentro do regime, formado por ex-rebeldes que conquistaram a independência do Sudão, em julho de 2011.

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(Com agência France-Presse)

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