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Justiça britânica nega extradição de Julian Assange para os EUA

Juíza negou o pedido da acusação por causa da saúde do australiano, mas também rejeitou que a extradição teria 'motivo político' como argumenta a defesa

Por Redação
Atualizado em 4 jan 2021, 11h41 - Publicado em 4 jan 2021, 11h33

Um tribunal britânico rejeitou nesta segunda-feira, 4, a extradição para os Estados Unidos do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, acusado de espionagem em solo americano. Assange está preso no Reino Unido desde maio de 2019, quando foi expulso da embaixada do Equador, onde se exilara por sete anos.

A juíza Vanessa Baraitser, na sua decisão no tribunal criminal de Old Bailey, em Londres, considerou “provado” que o australiano de 49 anos está em risco de suicídio e poderia tirar sua própria vida se fosse processado nos Estados Unidos. Baraitser, no entanto, rejeitou a tese dos advogados de Assange de que as acusações contra ele tinham “motivação política” e que ele não teria um julgamento justo caso extraditado.

O Ministério Público britânico, que busca a extradição, já indicou que vai recorrer da decisão. A juíza de primeira instância decidirá na quarta-feira 6 se deixará Assange em prisão preventiva enquanto durar o novo processo legal ou se ele será libertado.

Washington alega que Assange colocou em perigo as vidas de seus informantes com a publicação dos documentos secretos sobre as ações militares americanas no Iraque e no Afeganistão, que revelaram atos de tortura, mortes de civis e outros abusos.

Para o comitê de apoio ao australiano, porém, estas são “acusações com motivação política”. A defesa do australiano denunciou que o presidente americano Donald Trump queria transformá-lo em um castigo “exemplar” em sua “guerra contra os jornalistas investigativos”.

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Pelo Twitter, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa, que concedeu asilo político a Assange, comemorou a decisão da corte. “Um grande notícia para o mundo!”, afirmou.

“Hoje marca uma vitória para Julian. A vitória de hoje é um primeiro passo para obter justiça neste caso”, afirmou após a audiência a advogada sul-africana Stella Morris, companheira de Assange, com quem tem dois filhos.

Na Rússia, onde vive exilado, o ex-funcionário da Inteligência americana Edward Snowden – também alvo de pedido de extradição por vazamentos – disse esperar “que este seja o fim” das tentativas de levar Assange para os Estados Unidos.

Assange vivia na embaixada do Equador em Londres desde 2012. Ele foi preso em 11 de abril de 2019 depois que o governo de Lenín Moreno retirou o asilo diplomático concedido por Correa ao jornalista. No mesmo dia, os Estados Unidos pediram a extradição do fundador do WikiLeaks.

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Assange pediu asilo ao governo equatoriano após o fim de um longo processo de extradição para a Suécia nos tribunais britânicos. Como a Grã-Bretanha se negava a dar salvo-conduto para que ele deixasse a embaixada e seguisse para o Equador, Assange seguia morando no local, em um impasse que já durava mais de seis anos.

Assange e o WikiLeaks se tornaram famosos em 2010 com a publicação de quase 700.000 documentos militares e diplomáticos confidenciais que deixaram Washington em uma situação difícil. As revelações no site expuseram crimes de guerra dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, arquivos sobre detenções extrajudiciais na prisão de Guantánamo, em Cuba, e telegramas diplomáticos que revelaram abusos de direitos humanos em todo o mundo.

Entre os documentos, estava um vídeo que mostrava helicópteros de combate americanos atirando contra civis no Iraque em 2007. O ataque matou várias pessoas em Bagdá, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

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