Júri decide indiciar Trump criminalmente em caso de suborno a atriz pornô
Decisão torna republicano o primeiro ex-presidente a enfrentar acusações criminais nos EUA
Um júri de Nova York votou, nesta quinta-feira, 30, para denunciar Donald Trump em um caso de pagamento pelo silêncio de uma atriz pornô, de acordo com uma advogado do republicano. A decisão faz dele o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais no país e é um forte abalo em sua tentativa de voltar à Casa Branca em 2024.
À agência Associated Press, Joe Tacopina, advogado de Trump, disse que um grande júri que estava se encontrando há meses votou a favor de indiciar o ex-presidente. As acusações específicas ainda não foram divulgadas.
+ Trump alerta para ‘morte e destruição’ se enfrentar acusações criminais
Trump, que nega qualquer irregularidade e é crítico feroz à investigação, deve se entregar às autoridades na próxima semana, de acordo com uma pessoa familiar ao assunto ouvida pela Associated Press.
O promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, apresentou recentemente provas a um grande júri de Nova York sobre um pagamento de 130 mil dólares (cerca de 682 mil reais na cotação atual) à então atriz pornô Stormy Daniels, feito nos últimos dias da campanha presidencial de 2016, em troca de seu silêncio sobre um suposto caso.
O pagamento em si não seria ilegal, mas, na prática, o dinheiro foi justificado como honorário advocatício para um dos advogados de Trump, Michael Cohen – é essa tentativa de esconder a natureza do pagamento que pode ser considerada criminosa.
Os promotores afirmam que foi uma falsificação de registro comercial e que o pagamento indireto também seria uma tentativa de esconder uma relação dos eleitores.
Trump nega o caso e seu advogado acusou Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, de extorsão.
Nas últimas semanas, o ex-presidente já vinha alimentando rumores sobre uma eventual acusação. Em uma mensagem publicada em sua própria rede social, Truth Social, no sábado 18, o republicano afirmou que seria preso dentro de três dias, o que não se concretizou.
Dias depois, Trump alertou sobre a possibilidade de “morte e destruição” caso enfrentasse acusações criminais. “Que tipo de pessoa pode acusar outra pessoa, neste caso um ex-presidente dos Estados Unidos, que obteve mais votos do que qualquer presidente em exercício na história, e principal candidato (de longe!) à indicação do Partido Republicano, com um crime, quando é sabido por todos que nenhum crime foi cometido, e também é de conhecimento que a morte e a destruição em potencial em uma acusação tão falsa podem ser catastróficas para o nosso país?”, escreveu.
Além do caso envolvendo a ex-atriz pornô, Trump é investigado por interferência eleitoral no estado da Geórgia e sofre dois inquéritos, em nível federal, sobre seu papel no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por trumpistas, em 6 de janeiro de 2021, que tentaram anular sua derrota eleitoral de 2020. Por fim, também corre uma investigação sobre os documentos ultrassecretos que ele levou da Casa Branca para sua residência oficial após deixar o cargo.