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Johnson recusa-se a demitir conselheiro que violou quarentena

Defesa do premiê britânico a Dominic Cummings gera revolta no Partido Conservador e abala governo; político enfrenta possível investigação policial

Por Da Redação
Atualizado em 25 Maio 2020, 17h48 - Publicado em 25 Maio 2020, 17h40

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, defendeu seu principal conselheiro, Dominic Cummings, neste domingo 24, após ele ter violado as regras de isolamento social para o combate ao coronavírus. Parlamentares do Partido Conservador expressaram indignação contra o premiê, exigindo a a demissão de Cummings.

Em meados de abril, quando já estavam proibidas viagens não essenciais durante a quarentena, o conselheiro de Johnson levou sua esposa, com sintomas do coronavírus, e seu filho até a fazenda de seus pais em Durham, a 428 quilômetros de Londres. Ele foi visto andando pela cidade, possivelmente quando ainda estava doente com a Covid-19, de acordo com seu próprio relato.

“No final de março e nas duas primeiras semanas de abril eu estava doente. Então, nós [Cummings e a família] estávamos confinados juntos”, escreveu ele em artigo no jornal Spectator.

O primeiro-ministro disse que Cummings “agiu de forma responsável, legal e íntegra”. “Acho que ele seguiu os instintos de todo pai e de todos os pais, e eu não o repreendo por isso”, disse Johnson. Além disso, o jornal britânico The Guardian revelou que Cummings é investigado pela polícia por violar o bloqueio nacional em outra ocasião, quando viajou mais de 48 quilômetros para visitar um ponto turístico, também em Durham.

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Após passar horas interrogando Cummings, Johnson disse que as acusações contra ele eram “palpavelmente falsas”. “Acredito que, em todos os aspectos, ele agiu dentro da lei, com responsabilidade e integridade, e com o objetivo primordial de impedir a propagação do vírus e salvar vidas”, declarou o primeiro-ministro.

Nove parlamentares conservadores pediram que o conselheiro fosse demitido. Enquanto isso, três membros do comitê consultivo científico do governo sobre o bloqueio nacional criticaram os políticos por “jogar no lixo” seus próprios conselhos, diminuindo a confiança da população e tornando a quarentena ineficaz. Segundo os especialistas, “o governo não deseja ouvir a ciência”.

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, disse que perdoar Cummings foi “um insulto aos sacrifícios feitos pelo povo britânico”. Ele completou que as orientações sobre saúde pública perderam força em um momento crucial, e que é preciso “iniciar uma investigação urgente”.

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“Este foi um teste para o primeiro-ministro, e ele falhou. O público vai pensar que existe uma regra para o conselheiro mais próximo do primeiro-ministro e outra para o povo britânico”, disse Starmer.

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse que Johnson deveria seguir seu exemplo: ela aceitou a renúncia da médica-chefe do país, Catherine Calderwood, depois que ela visitou uma segunda casa durante a quarentena.

“É difícil perder um conselheiro de confiança no auge da crise. Mas a integridade das orientações vitais de saúde pública deve vir em primeiro lugar”, disse Sturgeon.

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Johnson não respondeu a várias perguntas sobre Cummings durante a entrevista coletiva de domingo, incluindo se ele sabia da viagem de seu conselheiro na época. O Guardian reportou que parlamentares conservadores afirmaram que a incapacidade do premiê em responder a perguntas detalhadas vai aumentar a turbulência e prejudicar sua liderança.

“Hoje à noite, eu estou realmente envergonhado por ter apoiado Boris Johnson para o cargo”, disse Tim Montgomerie, ex-conselheiro de Johnson, em publicação no Twitter. Bispos da Igreja da Inglaterra também expressaram frustração nas redes, dizendo que “a questão moral não é para Cummings, mas para o primeiro-ministro e parlamentares que consideram esse comportamento aceitável”.

Cummings recusou-se a responder às perguntas. Antes, policiais tinham visitado sua casa no norte de Londres, em resposta ao agrupamento da mídia do lado de fora. A polícia de Durham ainda não respondeu à reclamação, mas está considerando a necessidade de ações adicionais em relação ao político.

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