O Japão anunciou um investimento de quase 500 milhões de dólares na construção de um ‘muro de gelo’ ao redor da planta nuclear de Fukushima, para tentar interromper o vazamento de água radioativa. A usina foi danificada pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em março de 2011. O sistema de refrigeração foi destruído pela onda gigante e água do mar foi bombeada para resfriar os reatores.
O governo está interferindo na crise depois de sugerir que a Tokyo Electric Power Co (Tepco) é incapaz de administrá-la. “Hoje, em vez das medidas paliativas anteriores, reunimos uma base política para conter a questão da água contaminada”, disse o primeiro-ministro Shinzo Abe depois de uma reunião ministerial.
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O plano anunciado nesta terça prevê o congelamento do solo ao redor dos reatores, para evitar que águas subterrâneas entrem em contato com a água contaminada. Este plano já havia sido proposto pela Tepco, mas o governo informou que está tentando acelerar as medidas necessárias para deter a crise. Uma parte do dinheiro será destinada à substituição dos tanques de armazenamento de água.
Um ex-operador de usina nuclear, o engenheiro Michael Friedlander, afirmou à rede americana CNN que o congelamento do solo é “uma boa solução como uma correção temporária”, até que o vazamento sob os reatores seja permanentemente selado.
O governo japonês, contudo, descreve o ambicioso plano como “sem precedentes”. A tecnologia já foi usada na construção de túneis, mas nunca na escala que a planta de Fukushima vai exigir. Também nunca foi usada pelo período de anos ou mesmo décadas que os especialistas acreditam que será necessário para lidar com o problema.
Os danos na usina exigem constante bombeamento de água para resfriar os reatores – um processo que cria 400 toneladas extras de água contaminada a cada dia, segundo a rede britânica BBC. Essa água está sendo armazenada em tanques temporários no local. No mês passado, a operadora do complexo afirmou que 300 toneladas de água altamente radioativa havia vazado de um dos tanques.
No início desta semana, a Tepco informou que os níveis de radiação na planta nuclear são 18 vezes mais altos que o imaginado, e seriam fortes o suficiente para matar uma pessoa exposta à radiação por um período de quatro horas. A diferença foi detectada depois que a empresa passou a usar um equipamento de leitura de radiação com maior capacidade, segundo a BBC.
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A liberação de dinheiro público para enfrentar a crise ocorre no momento em que o país se candidata a sede dos Jogos Olímpicos de 2020. O desastre na usina é considerado o segundo pior acidente nuclear da história, depois do de Chernobyl, na União Soviética, em 1986.
Inspeção – Um dos dois reatores nucleares ainda em funcionamento no Japão foi desligado nesta terça para passar por inspeções obrigatórias. A unidade 3 da usina de Kansai foi desligada e a unidade 4 deverá ser desligada no final deste mês, também para inspeções. Dezenas de reatores foram sendo desativados no país depois do acidente em Fukushima e usá-los novamente ainda é um tema controverso, que está sendo estudado pelo governo.