O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, comemorou nesta sexta-feira, 14, a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ordenar a prisão do italiano Cesare Battisti. Salvini também atribuiu o mérito pela decisão ao presidente eleito Jair Bolsonaro.
“Uma prisão perpétua cumprida curtindo a vida, nas praias do Brasil, diante das vítimas, me deixa irritado!”, escreveu em um post no Twitter.
“Darei grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro se ajudar a Itália a fazer justiça, ‘presenteando’ Battisti com um futuro na prisão da pátria”, completou Salvini.
Em sua decisão, Fux determinou a prisão cautelar para fins de extradição. O ministro pediu que a Interpol prenda Battisti, que atualmente vive em Cananeia, litoral de São Paulo.
Já o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, afirmou que seu governo só ficará satisfeito quando Battisti for extraditado.
Battisti, 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos na década de 1970, quando integrava a organização Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). O italiano passou cerca de 30 anos como fugitivo entre México e França, onde teve uma bem-sucedida carreira de escritor de romances policiais, até fugir para o Brasil, em 2004.
Em 2010, a Justiça brasileira autorizou sua entrega à Itália, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe concedeu status de refugiado político.
Mas após sua eleição, no final de outubro, Bolsonaro prometeu extraditar Battisti, um gesto muito agradecido pelo ministro do Interior italiano Matteo Salvini.
Em outubro do ano passado, o próprio ministro Luiz Fux impediu o cumprimento de uma medida cautelar que autorizava a extradição de Battisti, até que o Supremo se pronunciasse sobre o caso.
Na decisão desta quinta-feira, contudo, Fux avaliou que o fato de ter constituído uma família no Brasil não representa obstáculo para sua extradição.
No final de outubro, em entrevista à italiana Radio Rai, Battisti chamou Bolsonaro de “charlatão” e afirmou que como presidente não teria autoridade para extraditá-lo, já que estava protegido pelo Supremo.
Bolsonaro e Salvini
Também pelo Twitter, Bolsonaro respondeu aos comentários de Salvini, afirmando que espera resolver em breve a questão.
“Obrigado pela consideração de sempre, senhor ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!”, escreveu.
O presidente eleito e o ministro do Interior italiano têm se mostrado alinhados desde antes da eleição de Bolsonaro. Os dois trocaram diversas mensagens de apoio nos últimos meses, quase sempre fazendo alusões à extradição de Battisti.
Após a vitória de Bolsonaro, Salvini saldou o brasileiro e a amizade entre os dois povos. “No Brasil os cidadãos expulsaram a esquerda! Bom trabalho para o presidente Bolsonaro, a amizade entre nossos povos e governo será ainda mais forte”, escreveu no Twitter.
O ministro italiano é o líder da Liga Norte, representante da extrema-direita em seu país.
Recentemente, Salvini disse que fará uma visita oficial ao Brasil “no começo do ano que vem”. Mas não confirmou se comparecerá à posse presidencial em 1º de janeiro, em Brasília.