Cesare Battisti, membro do grupo terrorista italiano Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e condenado por quatro homicídios neste país na década de 1970, chegará nesta segunda-feira à Itália diretamente da Bolívia, onde foi capturado após fugir há um mês do Brasil.
Embora inicialmente tivesse sido decidido que Battisti seria primeiro levado ao Brasil, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou em dezembro do ano passado sua detenção imediata com a finalidade de extraditá-lo ao país europeu, finalmente as autoridades bolivianas efetuaram sua transferência direta à Itália.
Segundo a imprensa italiana, a Itália tinha pedido que Battisti chegasse diretamente ao país para evitar assim um possível último recurso de seus advogados na Justiça brasileira. Outro dos motivos, ainda de acordo com a imprensa italiana, é que, se a extradição ocorresse a partir do Brasil, a pena teria sido inferior, enquanto na Itália deve cumprir várias penas de prisão perpétua.
A captura de Battisti se transformou em um dos objetivos do novo governo italiano e do seu ministro do Interior, Matteo Salvini. O ministro inclusive cancelou a entrevista coletiva posterior ao encontro que terá com o comissário europeu para Imigração, Dimitris Avramopoulos, para acompanhar a chegada de Battisti ao aeroporto romano de Ciampino, prevista para o meio-dia (horário local, 9h de Brasília).
Matteo Salvini postou no seu perfil do Twitter as fotos de Battisti no avião no qual viaja para a Itália e escreveu: “Estou orgulhoso e comovido”.
Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 à revelia pelos assassinatos do joalheiro Pierluigi Torregiani, de dois policiais e de um açougueiro, enquanto seu grupo realizava alguns assaltos para financiar-se. Em um destes assaltos ficou ferido o filho de Torregiani, que desde então está em uma cadeira de rodas e que sempre pediu Justiça por estes crimes.
O ex-membro do PAC, um dos grupos terroristas de extrema esquerda dos chamados “anos de chumbo” na Itália, se refugiou na França em 1990, onde viveu 11 anos na qualidade de asilado político, amparado por uma lei do presidente François Mitterrand, que dava refúgio a ex-guerrilheiros que renunciaram às armas.
Em 2004, quando este país se dispunha a revogar sua condição de refugiado político, viajou para o Brasil, onde foi detido uma primeira vez em 2009, mas depois os governos anteriores e a Justiça brasileira negaram sua extradição até a chegada do presidente Jair Bolsonaro que tinha oferecido a Salvini toda sua colaboração para devolver Battisti à Itália.