Itália aprova em referendo redução do número de parlamentares
Número de deputados e senadores, segundo maior da Europa, passará de 945 para 600 na próxima legislatura
Em um resultado histórico, a Itália aprovou nesta segunda-feira, 21, a redução do número de Parlamentares do país, em uma reforma que reduzirá em um terço as cadeiras no Congresso.
O “sim” venceu com entre 60 e 64% dos votos, contra 36-40% para o “não”, segundo pesquisa de boca de urna realizada pela emissora pública RAI. O número de deputados e senadores passará de 945 para 600 na próxima legislatura, promessa eleitoral do Movimento 5 Estrelas.
Atualmente, a Itália tem o segundo maior Parlamento da Europa, atrás do Reino Unido (cerca de 1.400) e à frente da Franca (925).
Aprovada pelo Legislativo no ano passado, a medida passará a valer já no próximo pleito nacional, em 2023, caso o resultado desta segunda se confirme. Antes disso, no entanto, caberá ao Parlamento realizar alterações no sistema eleitoral.
A redução é uma das principais bandeiras do Movimento 5 Estrelas em seus avanços contra a “casta política”. Críticos, no entanto, argumentam que a medida não passa de uma tática populista, já que apenas uma reforma constitucional seria capaz de resolver os problemas do “bicameralismo paritário”. Dentro do sistema, a Câmara e o Senado têm concepções semelhantes e quase as mesmas funções.
A notícia é um alívio para o governo liderado por Giuseppe Conte, que espera resistir nas eleições realizadas no domingo e nesta segunda-feira em seis regiões. A Itália é governada por uma coalizão formada há um ano entre o antissistema Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrata. Os partidos de centro-direita e a extrema direita formaram uma frente comum com candidatos únicos para tentar conquistar regiões governadas pela esquerda, que tiveram bons resultados na Toscana e Apúlia, segundo pesquisa boca de urna feita pela emissora Sky TG 24.
Das seis regiões, quatro são controladas pela esquerda (Toscana, Campânia, Apúlia e Marche) e duas pela direita (Ligúria e Veneto).
O candidato da esquerda para governar a Toscana, na região central do país, Eugenio Giani, recebeu entre 41 e 45% dos votos, contra 38-42% para Susanna Ceccardi, candidata da Liga, de extrema direita, de Matteo Salvini. A margem de erro é de 3,1%.
A extrema direita italiana espera tomar a Toscana, reduto histórico da esquerda, cuja perda afetaria a credibilidade do governo. Na Apúlia, Raffaele Fitto, eurodeputado do partido de direita Irmãos da Itália, que foi presidente da região quinze anos atrás, também aparece empatado com o atual presidente de esquerda Michele Emiliano, de acordo com pesquisas de boca de urna.
Mais de 54% dos italianos participaram no domingo e nesta segunda das primeiras eleições realizadas desde o início da pandemia de coronavírus. A votação começou na manhã de domingo e terminou no início da tarde desta segunda-feira, no horário local. Por conta da pandemia de Covid-19, eleitores tiveram que passar por um rígido protocolo de segurança.
A Toscana é a mais cobiçada, tanto pelo presidente da Liga, da extrema direita, Matteo Salvini, quanto pelo ex-chefe do governo Matteo Renzi, do Partido Democrata, que há um ano tenta renascer politicamente com sua formação, Itália Viva.
(Com AFP)