Israel resgata 2 reféns em Gaza e bombardeios deixam mais de 100 mortos
Exército israelense citou "intensa potência de fogo" durante operação em Rafah
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Daniel Hagari, afirmou nesta segunda-feira, 12, que as tropas israelenses resgataram dois reféns sequestrados pelo grupo militante palestino Hamas em 7 de outubro. Ele alegou que a operação por ar e por terra teria mirado militantes na superpovoada cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza. Ao longo da noite, os ataques aéreos de Tel Aviv mataram mais de 100 pessoas na área, de acordo com a organização humanitária Sociedade do Crescente Vermelho Palestino.
“Em uma operação conjunta de recuperação das FDI, forças de segurança e forças policiais especiais, a unidade policial especial, recuperamos Luis Har e Fernando Marman, que foram sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro”, disse Hagari. “Houve cobertura aérea e uma onda de ataques da Força Aérea Israelense juntamente com o Comando Sul.”
Os libertados se tratam dos argentinos-israelenses Fernando Simón Marman, de 60 anos, e Luis Har, de 70. Eles são cunhados e estavam com Clara Marman, esposa de Norberto; Gabriela Leimberg, irmã de Clara; e Mia Leimberg, filha de Gabriela, quando combatentes do Hamas invadiram seu kibutz. As mulheres foram soltas no último e único cessar-fogo, que durou uma semana, entre novembro e dezembro do ano passado. Durante a trégua, 105 reféns e 240 palestinos mantidos presos por Israel retornaram para suas casas.
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Investida contra Rafah e críticas
Segundo Hagari, os militares entraram em um edifício no coração de Rafah às 1h49 no horário local (20h49 do dia anterior, em Brasília). Sob “intensa potência de fogo”, Fernando e Luis foram escoltados e levados para um “local seguro” na cidade. Em seguida, eles foram transportados de helicóptero para o Centro Médico Sheba em Tel Hashomer, em Israel. O estado de saúde da dupla é estável.
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Na semana passada, Tel Aviv atraiu uma série de críticas após aumentar os ataques contra Rafah, para onde metade da população de Gaza se deslocou por orientação do governo israelense. Apenas na última quinta-feira, 13 pessoas foram mortas, incluindo duas mulheres e cinco crianças, em um ataque a duas casas. A cidade enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de água e de medicamentos. Até o momento, o conflito registra mais de 28 mil vítimas palestinas.
“Estamos extremamente preocupados com o destino dos civis em Rafah. As pessoas precisam ser protegidas, mas também não queremos ver nenhum deslocamento forçado em massa de pessoas, o que é, por definição, contra a vontade delas. Não apoiaríamos de forma alguma o deslocamento forçado, que vai contra o direito internacional”, advertiu o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, na última sexta-feira.
O posicionamento inflexível do premiê Benjamin Netanyahu parece também desgastar as relações com os Estados Unidos, com críticas expressas do presidente americano Joe Biden, que já chamou a administração do premiê de “muito difícil”. Em sua quinta viagem ao Oriente Médio desde 7 de outubro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reforçou o recado de que Israel deve adotar medidas para proteger os civis na Faixa de Gaza, especialmente “no caso de Rafah, onde há algo entre 1,2 e 1,4 milhão de pessoas, muitas delas deslocadas de outras partes de Gaza”.