Israel proibiu neste domingo a entrada de centenas de militantes da operação “Bem-vindos à Palestina”, que denunciam o controle por parte do Estado hebreu do acesso aos territórios palestinos ocupados.
Dos cerca de 1.500 participantes que eram esperados, apenas algumas dezenas conseguiram chegar ao aeroporto Ben Gurión de Tel Aviv, a grande maioria deles bloqueados no embarque.
A operação “Bem-vindos à Palestina” acontece pelo terceiro ano consecutivo.
No total, 40 passageiros retidos para interrogatório estavam em processo de expulsão, anunciou à AFP uma porta-voz da polícia israelense, Luba Samri, informando que 33 são de origem francesa e sete de origem espanhola, italiana, suíça, canadense e portuguesa.
Os organizadores palestinos denunciaram, em um comunicado, um novo procedimento ilegal por parte das autoridades israelenses, que pedem aos passageiros que assinem “uma declaração através da qual se comprometem a não entrar em contato nem cooperar com ‘membros de organizações pró-palestinas'”.
O ministério israelense do Interior indicou estar averiguando as informações.
As forças de segurança israelenses começaram a se preparar na semana passada para uma entrada por via aérea de centenas de militantes pró-palestinos que pretendem chegar ao aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.
Anteriormente, a polícia suíça informou ter impedido que 100 militantes pró-palestinos tomassem um voo no aeroporto de Genebra com destino a Tel Aviv.
“A informação que obtivemos dos ativistas é que há uma elevada presença policial e que a polícia está tentando evitar que subam no avião”, afirmou o porta-voz da campanha, Anas Muhammed, em uma ligação telefônica à AFP.
“Além disso, o passaporte de um dos militantes foi confiscado”, acrescentou.
Os militantes franceses e suíços tinham comprado sua passagem com antecipação e pretendiam visitar os palestinos sob ocupação na Cisjordânia.
A companhia aérea francesa Air France e a britânica Jet2.com se uniram à alemã Lufthansa na decisão de cancelar passagens para voo a Tel Aviv depois que Israel expressou objeções.
No aeroporto Roissy-Charles de Gaulle (CDG) de Paris, onde foi negado o embarque a 90 militantes, segundo fontes aeroportuárias, dezenas de militantes protestaram.
Em Bruxelas, 120 militantes pró-palestinos protestaram depois que várias companhias aéreas, em particular a Brussels Airlines, não permitiram que embarcassem.
Em Istambul, a Turkish Airlines bloqueou o embarque de 50 pessoas.
Em Genebra, cerca de 20 passageiros conseguiram embarcar para Tel Aviv, mas 40 foram bloqueados pela polícia.
Em Roma, a Alitalia negou o embarque de sete militantes italianos e, em Viena, a Austrian Airlines fez a mesma coisa com cinco passageiros.
A operação “Bem-vindos à Palestina”, organizada este ano entre 15 e 22 de abril, denuncia a ocupação israelense da Cisjordânia e, em particular, o controle por Israel do trânsito para os Territórios Palestinos, já que os visitantes que querem viajar para a Cisjordânia se veem obrigados a passar pelo Estado hebreu.
Neste ano, o objetivo dos participantes é a inauguração de uma escola internacional em Belém, sul da Cisjordânia.
Em julho de 2011, Israel conseguiu que fosse impedido o embarque de centenas de militantes e bloqueou e expulsou outros 70 em sua chegada.
O ministro dos Transportes, Israel Katz, afirmou que Israel “não pode permitir que entrem provocadores em seu território” e acusou alguns militantes de pertencer a “organizações pró-iranianas”.