O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou que as Forças Armadas continuem seus “ataques em massa” contra alvos do Hamas e da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, em uma escalada que deixou ao menos 25 pessoas mortas, sendo 21 palestinos e quatro israelenses.
“Eu instruí o exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da Faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas”, disse Netanyahu no começo do conselho semanal de ministros. Pouco antes deste ataque, a polícia israelense relatou a morte de três pessoas na cidade de Ashkelon, vítimas de um foguete lançado da Faixa de Gaza.
Segundo as Forças de Defesa de Israel, foram aproximadamente 600 foguetes disparados de Gaza, sendo que desses 150 teriam sido interceptados.
Um comandante do movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, foi morto em um ataque israelense. Hamad al Jodori, 34 anos, era comandante do braço armado do Hamas, informou o movimento. O exército israelense confirmou esta morte.
Desde o início dos confrontos, no sábado, o confronto já causou pelo menos 25 mortes: 4 civis israelenses e 21 palestinos em Gaza, dos quais 12 eram membros de grupos islamistas.
Entre os palestinos, estão inclusos um bebê e sua mãe, mas os israelenses acusaram o Hamas por essas duas mortes. Ministério da Saúde de Gaza havia dito no sábado que a palestina Abu Arar, 37 anos, e sua filha de 14 meses foram mortas em um bombardeio israelense. “Essa morte infeliz não foi resultado de armamento (israelense), mas de um foguete do Hamas que explodiu onde não deveria”, declarou Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense, falando aos jornalistas.
Os foguetes palestinos disparados no sábado representam o maior ataque palestino contra Israel em um único dia nos últimos anos. O exército israelense declarou que seus tanques e aviões atingiram cerca de 280 alvos militares em Gaza.
Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Várias dezenas de mísseis foram interceptados pela defesa antimísseis, disseram as Forças Armadas de Israel, e uma grande parte deles atingiu áreas desabitadas.
A Turquia, por sua vez, falou de “agressividade sem limites”, após o ataque israelense a um prédio de vários andares em Gaza que, segundo moradores e Ancara, abrigava a redação da agência de notícias estatal turca Anadolu.
Segundo a Anadolu, a equipe da agência evacuou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência. Neste contexto, Israel anunciou o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e o fechamento das áreas pesca na costa do território.
Mediação do Egito
Segundo uma fonte da Jihad Islâmica, o Egito, que atua como intermediário entre o Hamas e Israel, tenta mediar para reduzir a tensão. Em Bruxelas, a União Europeia pediu o “cessar imediato” dos disparos.
O enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu “a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses”. Já o secretário-geral do órgão, o português António Guterres, condenou “nos termos mais severos o lançamento de mísseis de Gaza a Israel, e particularmente o ataque contra lugares nos quais há população civil”, informou em comunicado o porta-voz do secretário. O diplomata também pediu “a todas as partes para que exerçam a máxima contenção” e que “reduzam imediatamente a violência”.
Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apoiam o “direito” de Israel à “legítima defesa”.
Israel e Hamas entraram em confronto em três guerras desde 2008.
No final de março, por patrocínio do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, anunciado pelo Hamas, mas nunca confirmado por Israel.
Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril.
Mas a situação se degradou durante esta semana.
Os disparos palestinos foram retomados, assim como as represálias israelenses.
Três fatores poderiam levar Israel a acalmar a situação: as negociações em curso para formar uma coalizão governamental após a vitória de Netanyahu nas eleições, o concurso de música Eurovision planejado para Tel Aviv em meados de maio e as comemorações para a criação da Estado de Israel na quinta-feira.
Desde março de 2018, os palestinos protestam na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel contra o bloqueio do enclave e o retorno de refugiados que foram expulsos ou tiveram que deixar suas terras após a criação de Israel em 1948.
Pelo menos 271 palestinos foram mortos desde o início da mobilização, em manifestações ou em ataques israelenses em retaliação. Do lado israelense, dois soldados morreram.
Os organizadores das manifestações e do Hamas asseguram que o movimento da “Grande Marcha de Retorno” é independente.
Israel, por outro lado, acusa o Hamas de orquestrar essas manifestações.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)